Museu do Traje: Onde estórias se vestem e vidas se costuram

É no jardim sensorial ou no café que se vão cruzando amigos, funcionários ou até visitantes. Quando cruzam olhares, os seus rostos transparecem felicidade.

A maioria apenas sabe algumas palavras em português, mas o que os une é mais forte: o Museu. Um sorriso, um abraço basta para saberem a cumplicidade que existe entre todos, naquela que é a sua segunda casa.

Entre trabalhadores e voluntários, há mais de 20 nacionalidades. No entanto não se impõe a barreira da língua, dado que “utilizamos, através das artes, uma forma de ultrapassar essa barreira. Geram-se grupos pelo interesse comum que as pessoas têm", destaca a técnica de património, Vânia Mendonça.

Durante o ano, o museu acolhe muita gente do Algarve, do país e do mundo que se deslocam até ali, para participar em diversas atividades, que nem sempre estão associadas a exposições ou aos trajes, como fotografia, música, teatro e pintura.

A evolução deste museu dá-se quando se começam a criar iniciativas populares, como um baile. Emanuel Sancho recorda-se desse momento, como se fosse hoje e diz “pela primeira vez, por via do baile, as pessoas atreveram-se a entrar no museu. E ao entrar no espaço, desconstruiu-se toda aquela imagem que estava na sua cabeça de que o museu era um lugar para gente muito culturalmente evoluída, as elites”.

Emanuel Sancho, diretor do Museu e Vânia Mendonça, técnica de Património

Museologia Social

No ano 2000, ainda quando Emanuel Sancho era voluntário, “o museu não tinha utilidade para a terra” e “os vizinhos passavam aqui em frente ao museu, mas não se atreviam a entrar”. Neste tempo, este espaço associou-se ao movimento da Nova Museologia ou Museologia Social – “passámos a ser extremamente influenciados por essa ideia de que não devemos pôr o objeto no centro de tudo”. “A Nova Museologia traz-nos essa ideia brilhante de que no meio de tudo está a população”.

A pouco e pouco, as pessoas não só mudaram o pré-conceito de museu, como ganharam uma ligação, frequentan...