Armando Alves esteve em Vila Real de Santo António, na Biblioteca Vicente Campinas

a apresentar o livro do Centenário da AFA, com lotação esgotada...

Talvez este título «Manuel João, presidente do Portimonense, leva o Correio da Manhã, como se fosse página oficial de câmbios, para pagar aos árbitros na recepção ao Partizan», seja o mote para se perceber melhor, mas leiam por favor, a importância e qualidade dourada, do livro escrito por Armando Alves, jornalista, escritor de méritos firmados e jurista, na revelação histórica e extraordinária do livro do Centenário da Associação de Futebol do Algarve.

Mas vamos ao texto, diga-se curto, escrito por mim, e que está inserido no citado livro, e que não é mais, que um grão de areia, das toneladas de escrita, diga-se de enormíssima qualidade, e que registamos como uma história única, e que foi uma espécie do meu contributo, solicitado pelo Armando Alves…

«Estádio do Portimonense. Dia 17 de Setembro de 1985. Quase perto das onze horas da noite, eu, na altura secretário técnico do Portimonense e o Manuel João, o Presidente, e a pedido deste, dirigimo-nos à cabine do árbitro, Alphonse Costantin, belga, afim de se liquidarem os valores suportando pelo trio de arbitragem como determinava a UEFA.

Batemos à porta, e no interior da cabine, Manuel João, abriu a página do jornal Correio da Manhã, onde constavam os câmbios do dia (escudo/francos belgas). Eu lá fui traduzindo e o árbitro, com um sorriso frio/belga, lá recebeu o valor que o CM estimava.

A verdade é que duas semanas depois, recebemos uma carta da UEFA, a dar conta que tinham entrado x escudos, pagos a mais a árbitro, Alphonse Costantin.

O que fica na memória, o desembaraço do Manuel João, diga-se uma das suas armas mais eficazes, ao se socorrer da página de câmbios do matutino lisboeta, para pagar aos árbitros da UEFA…»

No outro dia, numa espécie de «VOLTA AO ALGARVE», Armando Alves, esteve em Vila Real de Santo António, na Biblioteca Vicente Campinas, outras vez com casa cheia e com a presença institucional do Vereador Álvaro Leal e claro de Reinaldo Teixeira, Presidente da AFA, onde Armando Alves, tangeu alguns dos capítulos da história do futebol vila-realense, da qual o pessoal da Vila se sente honrado e homenageado.

Armando Alves, na apresentação do livro do centenário da AFA, na «Vicente Campinas»

Na impossibilidade de estarmos presentes, o REMATE CERTEIRO, em nome do Jornal do Algarve, conversou com Armando Alves e desta conversa, também como deixamos para os nossos leitores, as evocações de meu grande amigo Armando Alves, sobre o Jornal do Algarve.

Mas vamos ao «tu cá, tu lá», com o Armando Alves, assente na já referida «Volta ao Algarve», dando voz ao livro do Centenário da AFA

-Que balanço fazes desta Volta ao Algarve, apresentado o livro do centenário da AFA.

Um balanço francamente positivo. A ida a todos os municípios permitiu cumprir um dos grandes propósitos que me levou a escrever este livro: torná-lo vivo. Como disse repetidas vezes, ao longo das 16 sessões, conhecendo melhor o passado do futebol algarvio, estamos mais aptos para o servir no presente e no futuro. O desporto, e particularmente o futebol e o futsal, têm um papel social determinante. Quando se fala em inclusão, não há nada mais inclusivo que um balneário de uma equipa de futebol, seja qual for o escalão: lá estão o filho do rico e o filho do pobre, gente de diversos credos e de diversas proveniências, gente oriunda de culturas muito diferentes, com diferentes cor de pele, mas unidas pela magia que uma bola sempre proporciona. Ali não há intolerância, racismo ou xenofobia… Ali se aprendem valores como a entreajuda, a disciplina, o saber perder e saber ganhar… As relações de amizade construídas num balneário de uma equipa de futebol ficam para a vida. O livro pretende, também, estimular essas vivências e fortalecer o associativismo. Terminada esta viagem por todo o Algarve, sentimos que, de algum modo, conseguimos cumprir uma das missões da obra: espalhar, em particular junto dos mais jovens, as sementes do conhecimento da história do nosso futebol, dos seus valores, do orgulho que deveremos ter naquilo que os nossos clubes alcançaram, do respeito que nos merecem inúmeras figuras nascidas no Algarve ou que por aqui passaram e que se destacaram como jogadores, treinadores ou dirigentes.

-Que população alvo?

Encontrei públicos muito heterogéneos. As várias sessões foram articuladas com os Municípios e uns optaram por direcionar a iniciativa para um público mais jovem e outros por procurar cativar um público adulto. Com uns e outros aprendi imenso. Os jovens colocaram-me muitas vezes questões interessantes e vários adultos conheciam histórias que davam uma boa base para outro livro. A recetividade, de um modo geral, foi muito boa e em muitos locais os espaços ficaram lotados, como sucedeu em São Brás de Alportel, Castro Marim, Loulé, Tavira ou agora, na última sessão, em Vila Real de Santo António.

O vereador Álvaro Leal (à direita), com Reinaldo Teixeira, Presidente da AFA, na apresentação do livro

-Quem és tu?

Resumidamente: nasci nos arredores de Monchique (em casa, com a ajuda de uma parteira, pois embora houvesse hospital em Monchique vim ao Mundo antes do previsto…), no seio de uma família muito humilde, e conciliei trabalho e estudos em diversas fases da minha vida, a fim de concluir duas licenciaturas (ciências da comunicação e direito), um mestrado e várias pós-graduações. Durante muitos anos trabalhei exclusivamente na área da comunicação social, dedicando-me depois ao direito e à advocacia. A par disso, tive sempre uma forte ligação ao desporto, e em particular ao futebol, desde os tempos de praticante, a partir dos 12 ou 13 anos. Mais tarde fui treinador e também árbitro durante uma época, para perceber por dentro as dificuldades da tarefa. Atualmente sou um dos 84 delegados da Assembleia Geral da FPF, cumprindo o terceiro mandato no cargo.

-Quantos livros já escreveste?

Na verdade já perdi a conta. São mais de uma dezena e se incluirmos participações em obras partilhadas, iremos para um número bem acima. Quase todas relacionadas com a historiografia desportiva do Algarve, mas também com incursões pelo turismo e viagens e direito.

-Repartes a tua vida entre o Direito e o jornalismo. Qual o teu próximo livro?

Tenho vários projetos em carteira, aos quais não consegui dar o andamento que desejava nos últimos meses, em larga medida por problemas de saúde que me limitaram bastante. Mas em breve acredito que teremos por aí novidades, sendo que ainda não é o tempo certo para as darmos a conhecer.

Jovens estudantes encheram a «Vicente Campinas», para ouvir Armando Alves

Jornal do Algarve, um exemplo de resistência

Que mensagem aos leitores do Jornal do Algarve e que importância tem a imprensa regional, na democracia e na liberdade dos povos?

Ainda não há muito tempo, num fórum em que fui chamado a participar, dei o Jornal do Algarve como exemplo de resistência. Já são bem poucos os jornais regionais ou locais com edições em papel e são ainda menos os que continuam fiéis a uma linha editorial marcada por princípios e valores que deveriam estar sempre presentes na informação, o que, infelizmente, até em meios de expressão nacional, muitas vezes não sucede. A imprensa regional é um vizinho que nós temos e em quem podemos confiar, por ser credível e responsável, por estar perto de nós e saber interpretar as preocupações e os anseios das comunidades, desempenhando um papel de inestimável valor. Vivemos uma era estranha, em que uma mentira divulgada com aparato nas redes sociais tem mais leitores que uma notícia comprovadamente verdadeira proveniente de um meio de comunicação social. Ganham-se eleições por esse Mundo fora através da distribuição massiva de notícias falsas… Deveremos lutar contra esta manipulação da informação e só os jornalistas e uma sociedade esclarecida, que valorize a liberdade de imprensa e uma informação credível e de qualidade, o podem fazer.

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