Pescadores envelhecem e jovens não querem continuar a arte do mar

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A propósito do Dia do Pescador, efeméride criada para homenagear todos os que dedicam as suas vidas ao mar e trazem o peixe para a nossa mesa. Falámos com associações de pescadores de uma ponta à outra do Algarve para ouvir os seus anseios, ambições e angústias. As opiniões dividem-se: uns dizem-se esquecidos enquanto outros, de olhos postos no futuro, conseguem vislumbrar mudanças num setor ameaçado pela falta de mão-de-obra. Uma coisa é certa. Esta classe, que parece não ser suficientemente ouvida, merece toda a gratidão, pois a sua bravura e resiliência alimentam as nossa bocas e a nossa identidade cultural

A ligação do país e da região ao mar é, indiscutivelmente, uma das marcas da nossa cultura. Mesmo com dificuldades, sejam elas logísticas, físicas ou económicas, lutam diariamente para não deixar morrer um setor que contribuiu para que o Algarve seja o que hoje é, ou não fosse a pesca uma das atividades económicas que há mais tempo se praticam na região.

O Algarve, com cerca de 200 quilómetros de costa, tem mais de 1.240 empresas que integram a fileira da pesca, aquicultura, transformação e comercialização de pescado. Segundo dados recentemente divulgados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, existem 2.559 pescadores matriculados nos diversos portos algarvios, correspondendo a 18% dos pescadores matriculados a nível nacional (14.125 em 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística).

Portimão, Quarteira, Olhão e Vila Real de Santo António são algumas das cidades onde o impacto das atividades pesqueiras mais se reflete nos respetivos tecidos sociais, para além de outras dezenas de pequenas comunidades piscatórias de grande tradição e dependência económica da pesca e das atividades que com ela se interligam.

As Estatísticas da Pesca 2023, relatório elaborado anualmente pelo INE, revelam que nesse ano, as capturas de pescado nos diversos portos do Algarve atingiram as 18.485 toneladas e 69.884 milhões de euros, correspondendo, respetivamente, a 14% e 21% do total nacional.

Para além dos números, importam as pessoas, neste caso, os pescadores. Por isso, procurámos saber qual o desenho que fazem da evolução do setor nos últimos anos. Hugo Martins, presidente da Quarpesca, foi o primeiro a traçar a evolução do setor na região até à atualidade.

“Antigamente, na geração dos meus avós, as famílias subsistiam do mar (…) Depois começou a haver mais oportunidades com o turismo, o que foi bom por um lado, mas, por outro, isso veio roubar protagonismo à pesca enquanto setor empregador. Cidades como Olhão, Portimão e até mesmo Quarteira, foram das primeiras a sentir (…) Se as pescas deixaram de ser importantes mesmo com tudo isso, não, obviamente”, vinca o responsável.

Setor envelhecido, pouco atrativo, mas mais evoluídoNo que toca aos problemas de fundo, hoje, a escassez de mão-de-obra e o envelhecimento da classe podem colocar em risco o futuro do setor, apesar da evolução ser notória. “Os jovens, no início, eram forçados a ir para o mar e admiravam o que os pais e avós faziam (…) hoje isso já não se verifica. Os poucos jovens que vêm para a pesca chegam com a ambição de ganhar porque têm famílias para sustentar, querem melhores condições e querem barcos mais apetrechados, o que felizmente já existe. Temos já embarcações em que se pode viver lá dentro”, exemplifica.

“Em habitabilidade, na segurança, nas condições das embarcações, as coisas estão muito melhores, mas temos o problema sério de carência de mão-de-obra, porque a valorização do pescado não acompanhou a restante evolução. As pess...

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