Vai Andando Que Estou Chegando

Iniciamos o novo ano com acontecimentos que ficarão na história para sempre. Qualquer deles com destaque pelo assalto ao Capitólio, sede dos poderes democráticos dos EUA; o alastramento dos valores da Pandemia por um vírus que faz agora perto de um ano que pela China foi anunciado ao Mundo; as alterações climáticas com repercussões devastadoras para a economia do vasto conjunto dos países europeus nos quais nos inserimos, são sinais de novos tempos cujo futuro nos conduz a incertezas com as quais temos todos de aprender a viver.

O assalto ao Capitólio por um bando comandado pelo ainda Presidente da Nação, culmina um processo de quatro anos da Presidência de Trump marcada por contínuos apelos ao ódio à descriminação de humanos à xenofobia ao racismo, ancorado em sistemáticas mentiras através da utilização de um conjunto de redes sociais, cujo desfecho se saldou em última instância pela derrota dos seus objectivos, apesar da tardia intervenção das forças de segurança disponíveis e não mobilizadas pelo Presidente em exercício de funções, em claro abuso e atropelo dos seus poderes. Os esforços que se tentam para o demitir antes da investidura do novo presidente, revelam-se provavelmente insuficientes para atingir tais propósitos o que pode significar um alento para a mobilização de forças ocultas até ao dia da posse da nova presidência com novas acções de violência. O retrato que foi presente em todo o Mundo, descredibilizam aos olhos e pensamento da opinião pública, um país em clara falência de um sistema e de uma política que conduziu às maiores desigualdades sociais de sempre cujas consequências foram utilizadas por um populismo sem limites. Trata-se afinal de um acontecimento que vai marcar anos difíceis da governação do Partido Democrata nos próximos quatro anos, os quais exigem o abandono de políticas neoliberais sem as quais se tornarão mais difíceis o combate a tais desigualdades, que conduza o País para a sua unificação e a relações externas viradas para o respeito de Tratados Internacionais assentes no respeito por política de paz e cultura entre Nações.

Escrevo no início de uma semana na qual se preveem medidas de condicionamento mais duras perante o registo do aumento de novos infetados e mortos provocados pelo Covid, cuja repercussão se fará sentir particularmente no largo universo de pequenas e médias empresas, devastadoras no seu conjunto, à sobrevivência de muitas delas, apesar dos esforços que veem sendo desenvolvidas pelo Governo para minimizar tais consequências. Governo, sejamos sérios, vem sendo atacado por fazer e não fazer, como é disso exemplo, a crítica às medidas tomadas de alívio do condicionamento, no respeito pelas tradições natalícias, ou pela crítica sistemática à ausência de informação sobre o comportamento que temos de manter socialmente para minimizar tais efeitos, como se os portugueses fossem atrasados mentais ou no propósito que tais medidas levam à diminuição de direitos e liberdades sustentados na Constituição como se na sua ausência diminuiríamos o número de infetados.

O início da campanha eleitoral para a Presidência da República, quiçá uma das mais difíceis, dado o condicionamento em que o País estará sujeito, com repercussões que se farão sentir particularmente numa histórica abstenção, para a qual também contribuirá uma menor atenção dos portugueses perante um acto cujo resultado dada a diferença entre Marcelo e o resto das candidaturas, estará de per si resolvido. Resta neste quadro a importante disputa pelo segundo lugar entre Ana Gomes e André Ventura. Porque confio no bom senso dos portugueses a extrema-direita xenófoba cujo propósito é claramente a de uma mudança profunda do regime constitucional nos rege, será significamente derrotado.

Carlos Figueira

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