A Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril faz um apelo para se “combater ideias e ações que ataquem Abril e a Constituição” numa altura em que surgem “expressões reacionárias” racistas e antidemocráticas.
“Face ao recrudescimento de expressões reacionárias de cariz racista, xenófobo, antidemocrático e fascista”, os subscritores do apelo à participação no tradicional desfile do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, em Lisboa, afirmam-se “unidos na convicção de que os valores de Abril estão bem presentes na história, na identidade de Portugal e dos portugueses”.
“Tudo faremos para combater ideias e ações que ataquem Abril e a Constituição da República Portuguesa que corporiza os seus valores, expressões reacionárias de cariz racista, xenófobo, antidemocrático e fascista”, lê-se no texto, subscrito pela Associação 25 de Abril, e por partidos, organizações e associações ligados à esquerda, mais de 40 no total.
O texto não avança mais elementos sobre estas “expressões reacionárias”, mas esta referência no apelo – pelo terceiro ano consecutivo – acontece numa altura em que um partido de extrema-direita, o Chega, entrou no parlamento (em 2019), tornando-se terceira força política, com 12 deputados, em 2022.
No texto, os subscritores sublinham que se assinala o 49.º aniversário do “heróico levantamento militar” do Movimento das Forças Armadas (MFA) que “pôs fim a 48 longos anos de obscurantismo e ditadura fascista”, em 25 de Abril de 1974.
“Conquistaram-se liberdades e garantias, direitos políticos, económicos, sociais e culturais, afirmou-se a soberania e independência nacionais” que, segundo o apelo, é preciso defender.
A comissão promotora do desfile que celebra o 25 de Abril é composta por todos os partidos da esquerda parlamentar e centrais sindicais, CGTP-IN e UGT, num conjunto de mais de 40 organizações.
Esta comissão, que tem como responsabilidade organizar o tradicional desfile que celebra a Revolução dos Cravos, inclui toda a esquerda, como o Partido Socialista, Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda, Partido Ecologista “Os Verdes”, o Livre e ainda o Movimento Alternativa Socialista (MAS).
Têm ainda lugar na organização do desfile a Associação 25 de Abril, a Associação Política de Renovação Comunista, a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRE!), Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP 61-74), a Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis (PI), União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), Frente Anti-Racista e a Associação José Afonso (AJA), entre outras.
Portugal e, em geral, todo o Ocidente, estão a transformar-se, sob os olhos do cidadão comum, na coutada de uma minoria muito activa, que impõe, gradualmente, as suas regras sectárias a tudo o que mexe e nos diz a todos – à maioria – como havemos de pensar, de raciocinar, de falar, tolhendo-nos a liberdade de nos exprimir, mesmo nas expressões mais banais, apodando de “ódio” e de “racismo” tudo o que não se insira nas suas cartilhas, cuja verdade é a única que vale e a única que tem aceitação e permissão de se mostrar à luz do dia.
Entretanto, com o beneplácito da população – que nem se apercebeu ainda bem do que se passa e de como a sua liberdade de expressão e o próprio modo de como educar os seus filhos estão a ser brutalmente condicionados – essa mesma minoria, através da pressão dos seus “lobbies”, tem vindo a conseguir dar, dramaticamente, um estatuto de legalidade às suas posições e a destruir, um a um, metodicamente, os valores que têm regido a nossa sociedade.
O epílogo de todo este cenário sinistro, se não reagirmos, só poderá vir a ter, por parte das populações, um acordar tardio, muito tardio e em pesadelo.