25 de Abril: Nenhuma data que une ou desune deve “cair no esquecimento”

A visão da comissária dos 50 anos do 25 de Abril

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A comissária dos 50 anos do 25 de Abril acredita que o crescimento da extrema-direita em Portugal não afetará o ambiente das comemorações e alerta que as datas da revolução, quer unam ou desunam, não devem “cair no esquecimento”.

Maria Inácia Rezola, comissária das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, defendeu que, em 2025, devem ser evocadas datas como o 11 de Março de 1975, a tentativa de golpe de António de Spínola, ou o 25 de Novembro de 1975, o confronto entre as fações da esquerda radical e do grupo dos “moderados”, que pôs fim ao período revolucionário.

“Marcos fundamentais” como o 28 de Setembro ou as primeiras eleições em 25 de abril de 1975 “têm necessariamente que ser assinaladas”, acrescentou.

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“E, mais do que a questão se unem ou não unem, acho que o fundamental é que não caiam no esquecimento e que exista informação”, explicou.

Maria Inácia Rezola

Para Inácia Rezola, historiadora e autora de vários livros sobre o 25 de Abril e a Revolução dos Cravos, é preciso aproveitar e pôr os protagonistas da história a “deixar o seu testemunho” às gerações mais jovens sobre o que foi a ditadura mais antiga da Europa e o que significou a sua queda, em 1974.

É uma forma de evitar, admitiu, que se comemore o 25 de Abril como se fosse “a pré-história” ou se “pareça com as celebrações do 5 de Outubro” de 1910, data da implantação da República, e que “dizem tão pouco aos jovens”.

Pedro Adão e Silva, anterior comissário e hoje ministro da Cultura, defendeu, em março de 2022, que se celebre “aquilo que une e não o que divide”.

Dias depois, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o 25 de Novembro de 1975 também cabe nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, embora não já no início, que referiu ser dedicado aos antecedentes da revolução.

Maria Inácia Rezola disse que os portugueses são democratas e que não receia uma influência negativa no ambiente das comemorações com a subida da extrema-direita nas legislativas.

“Penso que não, francamente”, declarou, quando questionada sobre o assunto.

A historiadora olha para “a evolução política portuguesa desde o 25 de Abril” para concluir que os portugueses não questionam a democracia, mas questionam – “e bem” – a qualidade da democracia.

As comemorações são, segundo afirmou, uma oportunidade, “um desafio” para trazer “o debate para a arena política” sobre os “legados de Abril”.

Sobre o lançamento, criticado pela esquerda, do centro interpretativo do Estado Novo, em Santa Comba Dão, onde nasceu o ditador António Salazar, Inácia Rezola prefere esperar para ver o projeto da Universidade de Coimbra, “um centro de investigação particularmente credenciado, por académicos de reconhecido mérito e valor científico”.

E aludiu aos “grande equívocos” de que se trata de um museu sobre Salazar, afirmando que todos os “locais de memória e de história são fundamentais para que não se esqueça o passado e que se construa o futuro”.

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