50 anos de Abril, o que é feito da R.D.P. SUL?

50 anos depois, o silêncio de uma grande comunidade de profissionais

Não venho aqui contar a história da Rádio no Algarve e muito menos, quando a 2 de Janeiro de 1949, foi anunciado para breve, a instalação dos Posto Emissor do Sul, em Faro.

Não! vim aqui soletrar sinais da minha homenagem a gente, que tudo fez para prestigiar a Rádio, a Profissão, mas sobretudo o Algarve.

Gente, vindo de todos «os lugares onde é Portugal», como gostava de citar, Oliveira Salazar. Gente de São Tomé, de Angola, de Moçambique, das Beiras, do Norte, do Sul, de todos os lugares…

Dupla com Luís Livramento. Nós éramos a referência nesse tempo de Rádio…

Sem ordem, nem desordem alfabética, antes os solavancos da memória, onde cabe gente que anda por aí ao saltos, anunciado, mais o ABRIL EM PORTUGAL, do que os 50 ANOS DA REVOLUÇÃO DE ABRIL, procuro homenagear, no SIMPLEX, dos meus conhecimentos e competência, e sempre sem rede, homens e mulheres, que ao longo de 50 anos, antes da chegada do compressor silencioso das novas tecnologias, a estupidez de alguns homens e a frágil afirmação do Algarve, que foram a voz da região, para o bem e para o mal, mas sobre os quais nunca ninguém se importou, nem aqueles que mesmo com o umbigo, poderia ter alguma influência. E deste sentimento entrelaçado de humanismo, respeito e gratidão. Desta minha, repito, simples homenagem, QUE MORRERÁ UM DIA, QUANDO O JORNAL DO ALGARVE MORRER, faço emergir uma mão cheia de nomes, com quase todos trabalhei e alguns não surgirão pelo forte eclipse que a minha memória vai sentido e nada mais que isso, pois alguns nomes que aqui aparecem, por outros razões que o tempo foi cimentando, nem me merecem que perca tempo a transcrevê-los no mármore…

A RDP SUL, a RÁDIO ALGARVE, a R.D.P. FARO ou a RÁDIO ALFARROBA, ou lá o que lhe queiram chamar, foi em termos de comunicação social radiofónica, o maior farol da Região. E mesmo sabendo, que houve um tempo, em plena democracia, portanto muitos anos depois do SALAZARISMO, que havia políticos no Algarve, que mandavam mais na «Rádio1», que os seus Directores, alguns deles também acomodados, encolhidos e comprometidos, com o Regime, o de agora, que foi sobrevivendo, ao longo desta VIA SACRA, que levou à MORTE DA RDP ALGARVE, mas que nunca a fez RESSUSCITAR. Antes pelo contrário. E quando ela reclama que está VIVA, apesar dos ténues sinais que às vezes exploratoriamente a sua voz parece querer anunciar, outra voz mais forte, DILACERANTE, reclama: TU NÃO ESTÁS VIVA, TU ESTÁS É MAL ENTERRADA.

Anúncio de um almoço de Natal do pessoal da Rádio

Se calhar, se hoje fossem vivos, NINGUÉM É ETERNO. E esta mensagem de que ninguém é ETERNO, também estamos a devolver, AOS QUE A AGORA SE JULGAM DONOS DISTO TUDO, que repito, se hoje fossem vivos os tais políticos, que mandavam mais na rádio, que os seus directores, que sabem, mesmo que se aflorasse a VAIDADE e algum desprezo pelos que foram o passado da Rádio, que ela hoje ainda resistia. E se calhar o MINISTRO DA CULTURA CESSANTE, a reeditasse, pelo papel que a mesma teve, na cultura do Algarve e no seu papel transversal com o vizinho Alentejo e Nuestros Hermanos…

1992. Memórias de Um Tempo de Rádio. RDP. Livro Bancadas Vazias…

Portanto, repito, sem ordem, nem desordem alfabética, antes os solavancos da memória, onde cabe gente que a minha memória não elipsou, chamo a este QUADRO DO TEMPO: Ana Barros, que também andou pela política, Damásio, que de técnico chegou a Director, Peres, um letrado, que um dia cansado, chegou a Lisboa, para regressar ao teatro, Luís Rocha, técnico, (um dia fomos proibidos de entrar no Municipal de Beja, porque o Desportivo de Beja, queria Cachet, da RDP para transmitirmos o relato. E eu respondi: Então nós é que somos os artistas e vocês é que querem o cachet?…), Luís Rocha, filho, de igual modo técnico, que sempre teve o sonho de chegar aos microfones, Luís Livramento, que fez comigo uma dupla sensacional, que marcou uma geração, Amélia Brandão, que dava mama à filha, enquanto punha a rádio no ar, Pacifico Brandão, um Mestre da Técnica e uma espécie de Santo, para conseguir levar a bom porto, um dos mais espectaculares programas Um Lugar ao Sul, com o Mestre, mas por vezes intratável profissionalmente, pelas suas naturais exigências, Rafael Correia, Santos Lopes, com quem ainda somei dias de trabalho, logo nos alvores de Abril, Vítor Nobre, um gigante da rádio, que foi o seu primeiro Director, entre Maio de 1974 e Junho de 1975, que juntamente com a sua esposa, também jornalista, apesar da complicada asfaltagem porque o extremismo da esquerda queria mandar no Algarve, foram as vozes dos primeiros impulsos com que a imprensa livre radiofónica procura infligir algum desanimo aos desnorte dos primeiros tempos, Carlos Cardoso, notável jornalista e animador. Grande impulsionador das origens das grandes madrugadas que fomos realizando, do mar à serra, por todos os lugares do Algarve, mesmo sem repetidores, Meleiro, calmo, profissional, apaixonado pela Rádio, Noel Cardoso, Luís Povoas, Povoas, pai), Carlos Branco, Jorge Amorim (Director), Vaz Pinto (Director), Francisco Piedade, Jerónimo (técnico), Jorge Simão (irmão do Dário Simão, que também andou lá a pincelar…), Maria do Carmo Póvoas, António Póvoas, técnico, Paulo Póvoas, técnico, Luís Costa, o meu heróis das Bancadas Vazias…, António Henriques, técnico, Mata Caseres, Ivone Reis, administrativos, Dário Simão, técnico, Ramiro Santos, Isabel Amador, administrativa, Isabel Silva, secretária, Jorge Amorim, Director, Vaz Pinto, Director, Carlos Branco, Francisco Piedade, Humberto Ricardo, Maria do Carmo Caracol, Herlander Caracol (técnico), Carla Cássio, Filhó, Vítor Martins Varela, técnico, Carla, que nunca foi Carla, antes, Maria Videira Costa, António Manuel Rodrigues, Mário Antunes, Helena Figueiras, Marco Fernandes, Sena Santos (que tudo fez para me empurrar) Idálio Revés, Maria Augusta Casaca, José Manuel Aleluia, técnico, Aleluia Martins, Humberto Gomes, César Correia, João Leal, Noel Cardoso (técnico), Roberto Martins, Libertário Viegas, João Pereira, Marcelino Viegas, José Cruz, João Carlos Mendes.

Vítor Nobre, um notável senhor da Rádio. O Primeiro Director da RDP Sul, a seguir ao 25 de Abril (referência: https://ualmedia.pt/Vitor-nobre-1944-2021-uma-voz- da-rádio

Repito, outra vez, foi sem ordem, nem desordem alfabética, antes os solavancos da memória, da memória aqui e ali eclipsada e traída pelos murmúrios da saudade, que fiz este caminho de homenagem a gente boa e outros que nem vale a apenas tecer grandes comentários, pois só estaria a lhes dar a vénia que não merecem… E fi-lo também sem revisão, daí admitir que existem nomes repetidos.

E aos que faltam e diga-se, que não serão muitos mais, deixo a minha penitência pelas minhas fragilidades, mas creio, ter sido, o único a erguer a voz escrita, com todos os trambolhões da «caligrafia» e dos borrões gramaticais, que se levantam, diga-se, num protesto de homenagem, aquelas e aqueles que tanto fizeram pelo Algarve e que o Algarve, nunca se importou com eles. Aliás, dou um exemplo triste, quando o Carlos Cardoso, faleceu eu fui único que colei o seu nome ao memoria da imprensa…

Mais: E quem que teve a coragem, mesmo com referência aqueles que escrevem livros sobre os 50 de abril, para neste tempo que passa, escrever sobre aqueles que também os ajudaram a dar os primeiros passos na rádio?… Alguns até entraram apenas para ler livros.

Esta é a minha homenagem. Vale o que vale, mas vale pela afirmação social e humano, num sector que tão sido tão fragilizado…

Abril não se fez sem a imprensa e a Rádio Algarve, a RDP Sul, a Rádio Alfarroba, ou lá como lhe queram chamar, foi um dos grandes faróis da DEMOCRACIA, onde muitos políticos, corria para ela, como que corria para a SOPA DOS POBRES, mas que depois, como agora ainda a acontece, A ABANDONARAM….

Obrigado, malta, obrigado INSTITUIÇÃO, pelos contributos que deram à minha vida…

Aos que já partiram, a eterna REVOLTA DA SAUDADE…

1 Importa lembrar que sempre que nos referimos a «Rádio», estamos a dor nome às diferentes denominações, que a mesma foi conhecendo.

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