A Bandeira, símbolo da Pátria

Vivemos um tempo em que o conceito e a palavra “Pátria” praticamente desapareceram dos compêndios escolares e, decorrentemente, do uso coloquial, na linguagem do nosso dia-a-dia.

O termo em questão era, inicialmente, um adjectivo, que evoluiu para substantivo e resultou da expressão latina “(terra) patria”, que significava, literalmente, entre os antigos Romanos, “terra dos nossos pais/antepassados”, em que, na evolução que se seguiu, nas línguas românicas, o primeiro vocábulo caiu, tendo restado o segundo.

No seio daquele povo, a quem devemos, maioritariamente, a língua que falamos, penhor que nos confere uma matriz única, face aos nossos pares, e nos define, como Portugueses, o termo “Pátria” mantinha uma carga emocional muito forte, na medida em que significava a terra que fora legada e recebida dos antepassados, cuja cultura, tradições e integridade territorial cabia defender, se necessário, com a própria vida, tal o peso que o referido vocábulo envolvia.

Há valores que são intemporais, que não podem estar sujeitos a arbítrios irresponsáveis e não se compadecem com modas e decisões laxistas do momento que passa, suportadas por argumentários duvidosos, que carregam, no seu ventre, propósitos de péssimo mau gosto, como o que foi apresentado como suporte para a recente decisão do Governo (em período de mera gestão …) de alterar o seu símbolo oficial, retirando-lhe a esfera armilar, as quinas (os castelos) e as chagas, aberração que muito pouco passou a diferir da bandeira do Mali e justificada com o pretexto totalmente inconsistente de que o novo logotipo passasse a ter, cito, “uma imagem mais inclusiva, plural e laica”.

É aduzido igualmente, de um modo perfeitamente estapafúrdio e sem qualquer nexo, o seguinte argumento, que passo a citar: “É um símbolo novo e distinto, representativo do Governo da República Portuguesa, que responde, de forma mais eficaz, aos novos contextos, determinados pela sofisticação da comunicação digital dinâmica e por uma consciência ecológica reforçada”?!

O símbolo oficial do Governo replicava o da Bandeira Nacional e tinha uma esfera armilar ao centro, tendo passado, agora, a ser um círculo amarelo entre dois rectângulos, ao alto, um verde e outro vermelho.

Esta decisão tem merecido, compreensivelmente, nas redes sociais, designadamente, no antigo Twitter, agora X, o repúdio praticamente generalizado dos Portugueses.

Para quem, eventualmente, não se recorde:
a) – As 5 quinas simbolizam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique;
b) – Os pontos dentro das quinas representam as 5 chagas de Cristo da mítica tradição de que, na batalha de Ourique, Jesus Cristo crucificado terá aparecido a D. Afonso Henriques, rei fundador do país que somos;
c) – Os 7 castelos simbolizam as localidades fortificadas, que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros;
d) – A esfera armilar, que exemplifica o instrumento de astronomia aplicado à navegação, que era utilizado como representação do Universo para observações do movimento dos astros, em torno da Terra, simboliza, na nossa bandeira, os novos mundos, de que os navegadores portugueses deram conhecimento para a Europa do tempo, nos séculos XV e XVI.

Se consultarmos a Constituição da República Portuguesa, leremos que: “EM PORTUGAL, SÃO SÍMBOLOS NACIONAIS, DE ACORDO COM O ARTIGO 11 º., nrs. 1 e 2 DA CRP de 1976, A BANDEIRA E O HINO NACIONAL” (entendendo-se a bandeira com os respectivos símbolos agora retirados).

Quanto à decisão em causa, no mínimo, abstrusa e abusiva – para ser meigo na apreciação –, nem o sr. Costa, nem nenhum dos seus ministros, têm autoridade para alijar ou alterar insígnias da nação portuguesa, que têm a ver e simbolizam valores ancestrais da nossa nacionalidade, algo que é perene, bem ao contrário do fugaz tempo de legislatura de qualquer Governo.

Em relação ao pretexto do novo logotipo para uma finalidade “inclusiva e plural”, o sr. Costa continua a não ter qualquer autoridade para diluir os nossos símbolos nacionais, ao sabor de sensibilidades, quer de alguns actuais cidadãos, quer de quem, eventualmente, venha do exterior, sendo que o que compete a estes últimos é a obrigação de respeitar, escrupulosamente, os nossos valores, do mesmo modo que o fará qualquer Português que procure novos países para viver.

No que respeita ao terceiro argumento, que se escuda no aspecto “laico”, o sr. Costa desprezou totalmente e pisou aos pés o facto evidente de que o Povo Português é, maioritaria e culturalmente, cristão, embora boa parte possa não ser praticante.

Lamentavelmente, pelos indícios que os media trazem até nós, designadamente de França e não só, tenho para mim que a Europa que, desde sempre, nos habituámos a ver cristã e com valores em que nos revemos e reconhecemos, deverá, dramaticamente – se não se inverter a total permissividade de portas escancaradas, sem qualquer critério, que tem sido seguida –, nas próximas três ou quatro décadas, perder a sua própria matriz confessional, a favor de uma maioria muçulmana, por via, quer do maior índice de natalidade desta, quer do proselitismo que a caracteriza e roça, bastas vezes, o fanatismo e a agressividade, baseado no que os Árabes designam por “Ummah”, sem esquecer os graves conflitos religiosos que, por via disso, emergirão, num espaço, o europeu, onde eles não existiam, de todo.

Obviamente que não devemos tomar a floresta pela árvore, em relação a todos os imigrantes dessa confissão que nos procuram para viver, o que não invalida que a filtragem deva ser mais acurada para elementos indesejáveis.

Há palavras que poderão não ser simpáticas, mas que carecem ser ditas.

Faço questão de deixar claro que não pretendo, de todo, emitir qualquer juízo de valor, mas tão só aqui deixar, como é meu direito, de que não abdico, um olhar de constatação do que me é dado ver, ajuizar e antecipar.

Quanto à esfera armilar, que simboliza a expansão portuguesa e os mundos que os nossos navegadores alcançaram, nos séculos XV e XVI, ajudando a aproximar culturas, apenas teremos de estar orgulhosos da história e dos feitos gloriosos que escreveram, ligando quatro continentes, Europa, América do Sul, África e Ásia, na altura, os únicos conhecidos.

Suponho que desta nossa epopeia outra atitude não será de esperar de qualquer verdadeiro Português que se preze e ame o seu país e a Pátria que o viu nascer, que não seja um sentimento de orgulho.

É esta saga de gente brava e indómita, que “deixou pelo mundo a vida, em pedaços repartida”, que Camões tão bem condensou na sua canção “Junto de um seco, fero e estéril monte”, inspirado na aridez e desolação do Cabo Guardafui, no deserto do Corno de África.

Para finalizar, apenas me apraz deixar a reflexão de que um povo que não respeita o seu passado, a sua história, os seus símbolos e a memória dos que nos legaram o país independente e livre que hoje somos não se respeita a si próprio e não merece o respeito dos seus pares.

Acresce, para finalizar, referir que o sr. Costa resolveu esbanjar, com esta sua fantasia, dos impostos que todos pagamos, até ao último cêntimo, a módica quantia de 74.000 euros…

Este episódio não ocorre por acaso, visto que se insere, num cenário mais amplo de uma certa vaga social denominada “woke”, que reflecte e é o agente actual da dissolução em curso, espúria e bastarda, dos valores básicos da Sociedade Ocidental.

Vamos esperar que o Governo que resulte das próximas Legislativas reconsidere esta triste e lamentável decisão do Executivo moribundo do sr. Costa e a reverta.

Creio que será esse o desejo da maioria dos nossos compatriotas, visto que, suponho, não se reverão no abusivo símbolo, ora instituido.

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