A leitura das Jornadas Mundiais da Juventude, de Manuel da Luz

Quem bem conhece Manuel da Luz, Dr. Manuel da Luz, antigo Presidente da Câmara Municipal de Portimão, sabe que estamos diante de alguém, que sempre fez da vida um acto inequívoco de discrição e de MISSÃO, o que nos permite encaixá-lo no sítio das pessoas singulares.

Por isso, no outro dia irrompemos pelo seu Facebook, onde demos de caras com um texto intitulado A MINHA LEITURA DA JMJ de A a T, o qual tocou na nossa sensibilidade, fazendo emergir em nós o fanático contraditório, que quem defende determinada ideologia ou assenta as suas ideias de democracia em determinado partido político, é contra a igreja ou não se revê, na recente visita de Sua Santidade a Portugal.

O texto escrito por Manuel da Luz, professor aposentado e que estudou na  Universidade Católica Portuguesa – Lisboa, mereceu de tal foram a nossa satisfação, que solicitámos a Manuel da Luz, que nos permitisse a sua inserção no nosso habitual Remate Certeiro, o que mereceu, sem equívocos, a sua aprovação.

Portanto, é claramente sob o manto de NÃO TENHAM MEDO, eco gritante de Sua Santidade, em muitos dos momentos em que se fez ouvir, que com satisfação, «damos voz» ao que foi escrito por Manuel da Luz.

Manuel da Luz, antigo Presidente da Câmara Municipal de Portimão, é esta semana o “autor do nosso Remate Certeiro”

“A MINHA LEITURA DA JMJ de A a T”
ABUSOS na Igreja

O Papa veio fazer o que os bispos em geral não fizeram: ir pessoalmente ao encontro das vítimas, escutá-las e pedir perdão, sem ficar por múltiplos pedidos de perdão, fáceis e impessoais. Fê-lo logo, mal chegou, no primeiro dia. E mostrou que, afinal, o tema tinha cabimento na JMJ.

BUSCA (de sentido)
O Papa insistiu muito nesta ideia, em algumas intervenções: mais do que definir respostas, é fundamental que os jovens façam perguntas, exprimam dúvidas, busquem sentidos, não se acomodando a receitas fáceis, afirmando aquilo que cada um é e como é nas suas escolhas existenciais de viver.

CONFIANÇA
O Papa demonstrou uma enorme confiança na qualidade humana e cristã dos jovens: eis uma lição para o nosso governo e para os responsáveis da Igreja em Portugal. É preciso dar aos jovens a certeza confiante de que saberão construir um mundo melhor e mais fraterno e uma Igreja mais santa. Eles são o futuro. Francisco aposta neles.

DEUS
O Deus proposto pelo Papa é o Deus de Jesus Cristo e, por isso, não é uma ideia ou conceito: é o amor em pessoa e em acção concreta. “Deus ama-te” e “conhece-te pelo nome”. E toda aquela malta reagia com entusiasmo espontâneo. Medito: que significa jovens com 20 anos em 2023 acreditarem em Deus? Que motivações?

EMOÇÕES
Foi uma das palavras que mais se ouviram, quer dos participantes quer dos circunstantes à espera de oportunidade para saudar o Papa. Será também dos maiores riscos desta Jornada: ficar por uma grande emoção, que se desvanece na espuma dos dias.

FRANCISCO
Proximidade, pedagogia e profetismo. Por muito que faça remoer os que gostariam de passar rapidamente ao papa seguinte, este Papa está aí para centrar a Igreja nos desafios do Evangelho, atenta ao sofrimento de cada pessoa, das sociedades e do planeta.

GESTOS (concretos)
A JMJ foi um desafio de utopia estratégica. Mas, ao contrário da utopia do horror, concretizada na estratégia das guerras e dos campos de refugiados, esta utopia traduziu-se nos encontros concretos dos peregrinos, nos gestos de amizade “anónimos”, nos risos e nos abraços genuínos, para lá das cerimónias transmitidas pelas TV.

HORA
A JMJ de 2023 foi feita por gente que sabe. E os peregrinos também não ficaram acomodados e responderam na hora e no mesmo tom, não perdendo tempo a queixar-se ou a calcular canseiras. Assim se cumpriu a canção: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber! Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” A JMJ foi a HORA – Kairós -, o tempo oportuno.

IGREJA portuguesa
Mobilizou-se e foi eficiente e eficaz. Mas isso não basta. Será capaz de acolher esta experiência e a energia que a caracterizou e transformar em linhas de acção os desafios e apelos lançados pelo Papa?

JOVENS
São uma categoria que alberga grande diversidade, mas compareceram e deram sinais que renovam a esperança no futuro. Mais do que “jovens do Papa”, foram incentivados a ser “coreógrafos da dança da sua vida” e a surfar a “onda do amor” (não platónico nem egoísta).

LISBOA
Foi a “Cidade da Paz”. Ao contrário da Torre de Babel, mais de um milhão de peregrinos, de línguas e culturas diversas, celebraram a Alegria e a Paz numa só voz e num só coração. Lisboa (e Portugal) foi, nestes dias, um exemplo para o mundo de que a Paz é possível.

MEDO (e SONHO)
“Não tenham medo”, não fiquem parados ou presos aos ecrãs, sejam insubmissos; sejam “produtores de sonhos”; levantem-se, sejam peregrinos e testemunhas do amor – foram os apelos mais insistentes do Papa Francisco.

NO “WOODSTOCK CATÓLICO” (ecologia, música e oração)
A JMJ encheu Lisboa de debates, concertos, encontros, orações, exposições. Até houve um enorme encontro promovido por um líder evangélico no Estádio da Luz e um encontro de “influenciadores” católicos das redes sociais. Mas acho que foi a música que ficou a ganhar na lista incontável de iniciativas. Muitas vezes, a música ligada à oração, como foi o caso de Taizé nesta semana, com a igreja de São Domingos sempre cheia, três vezes por dia, com a proposta de uma oração que incluía cânticos meditativos, silêncios, textos bíblicos e curtas reflexões. Destaco também a sessão com Walter Baier, presidente do Partido da Esquerda Europeia, promovida pela Dialop – Rede de diálogo entre cristãos e marxistas impulsionada pelo Papa Francisco. Discutiram a ecologia integral, na linha da Laudato Si.

ORGANIZAÇÃO
O país e a Igreja mostraram ser capazes de colaborar entre si e de organizar uma iniciativa à escala global, que é complexa e arriscada, com qualidade, funcionalidade e hospitalidade. Foi uma “sementeira” da qual se podem esperar bons frutos.

POVO
A JMJ foi um acontecimento histórico, em que a personagem principal não foi uma elite mas o povo: povo feito de jovens, de tantas geografias, culturas e experiências de Igreja. Foi, sobretudo, afirmação da vontade de uma sociedade mais solidária e justa e uma vida com mais sentido também espiritual.

RISCO
A JMJ 2023 foi um grande risco: para o país, para a cidade de Lisboa, e para a Igreja portuguesa. Por mais calculado que tenha sido, foi um empreendimento arriscado. Polémico, logo de início, mal compreendido por muitos e combatido mais ou menos surdamente por uns quantos, a pretexto de custos ou de questões não essenciais, desejosos que as coisas corressem mal. Mas provámos, mais uma vez, que somos um povo que, quando é preciso, sabe navegar e arriscar. E a fé ajudou a navegação.

SANTO
Ficou-me na retina aquele jovem voluntário, acabado de sair da Universidade, a dizer ao Papa que quer “ser santo”. Francisco valoriza o heroísmo e a coragem de que deram testemunho estes voluntários. Ao fim e ao cabo, estes jovens, homens e mulheres, desejam participar plenamente na construção de um «mundo mais justo e solidário» e todos juntos reviveram um «desejo universal de humanidade». Ser santo é isto.

“TODOS, TODOS, TODOS”
É talvez a mensagem papal de maior alcance prático para a Igreja universal e portuguesa: ter portas sempre abertas a todas e a todos sem discriminar ou condenar ninguém e não basta ficar à espera que apareçam; é necessário ir ao encontro, não ficando na sacristia ou no templo. Mas isto implica mudanças profundas na cultura da Igreja.
(consultei várias fontes, designadamente o jornal 7Margens) 😁😀😁❤»

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2 COMENTÁRIOS

  1. Como, desde sempre, me habituei ao “péssimo” hábito de pensar pela minha própria cabeça, como sou “chato” e verbero o “politicamente correcto”, pelo seguidismo de que é evidência, remeto os católicos que cantam loas ao “Todos, Todos, Todos …” da pregação do Papa Francisco, no âmbito da JMJ, para os capítulos 18 e 19 de Genesis, de modo a que se tenha presente o afrontamento que estas palavras constituem, gravidade acrescida pelo facto de terem vindo de quem as defendeu e pronunciou publicamente.

  2. Acresce referir igualmente, em adenda ao meu comentário, dois outros pontos:

    1 – Como declaração de interesses, informo que sou cristão e creio em Cristo;
    2 – O Papa Francisco, na qualidade de primeiro pastor dos cristãos católicos, representa a Igreja Católica, mas não é a Igreja Católica, nem tem poderes para reescrever o Livro Sagrado.
    Ele é apenas mais um dentre os sucessores de Pedro.
    Depois de exercer o seu pontificado, a ele se seguirá outro Sumo Sacerdote, logo, será curial que, no âmbito das suas atribuições, não deixe de ter presente a sua finitude, o que parece não estar a ocorrer …

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