A racionalidade para suster os insultos

Na sequência de uma qualquer planificação e com os objetivos claramente definidos, poderá suceder que, por incidências da própria competição, quase se possa considerar um desastre os resultados que, à partida, tinham tanto de desejáveis como de exequíveis.

Expetativas goradas, frustração acumulada, temo-nos deparado com uma triste realidade: uma recorrente gritaria das bancadas e uma insistente histeria das redes sociais, onde todo o mundo tem soluções simples – da boca para fora…

Insultos, até com tochas à mistura…, que vão para os jogadores, para o presidente, talvez que como alvo principal o treinador, quando em nome de uma partícula de princípios e valores éticos, se exigia alguma frieza e racionalidade com os olhos colocados no horizonte do futuro.

Um futuro de verdade, que jamais se deverá confundir com a mentira dos comportamentos ínvios, assim a modos como ela – a mentira – se constituísse, na versão prática dos fanáticos, em ‘algo’ – a verdade – que se esqueceu de acontecer…

Em sentido diametralmente oposto, bom seria que, perante a recorrência dos insultos, e em substituição, pudesse haver lugar, num assomo de humildade, ao ‘cardápio’ dos comportamentos a ideia de que sem ética não haverá desenvolvimento. Com lucidez, serena e atuante, sem clubismo ou regionalismo bacoco e faccioso, haverá que lutar para que a competitividade não se confunda com ódio, ‘travestido’… de verde, encarnado ou azul, onde os principais dirigentes se possam distinguir por um saber que transcenda o âmbito exclusivamente futebolístico.

Porque a propósito, ainda bem recentemente, numa das suas sempre tão apreciadas reflexões, mestre – porque sábio! – Manuel Sérgio, nos transmitia este voto: “Que em Portugal o futebol tenha deixado de ser o ópio do povo. Na crise que o mundo atravessa, há mais necessidade de ética, ou de uma política com ética, do que de futebol. E quem o diz sou eu que não escondo ser o futebol o fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo”.

Enquanto ‘inquilinos’ desta sociedade, caracterizada como cada vez mais do ter e do poder, em detrimento do ser, oxalá possamos aprender com o mestre, com consequências práticas, sendo seus fieis seguidores, correspondendo à racionalidade para suster os insultos.

Por tudo, e em tudo: ‘Não é pensando que somos é sendo que pensamos!’.

*“Embaixador para a Ética no Desporto”

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