A votação

Para a grande maioria dos paroquianos que se cruzam connosco na rua todos os dias e vão votar continuo convencido que o que conta é principalmente o mesmo de sempre e o Correio da Manhã a que dão um olhar superficial à parangona sempre igual com mais ou menos jovens semi-despidas e mais recentemente à CM tv para saberem quem matou a prima da Joaninha que fugiu com um amante e não há forma de aparecer por mais escavações que se façam. A história é muito essa com uma enorme percentagem de eventuais eleitores que há muito chegaram à conclusão que voto aqui ou voto ali em nada influencia a sua vidinha e se preocupam muito mais com o dia de amanhã independentemente de quem ganhe (e acreditem que são muitos…) crentes que o seu fado é o mesmo fado… e por aí ficarão… muito mais preocupados com o resultado do SLB ou da justeza de um penálti ou off-side. Convenhamos que ao longo de largos anos o chamamento ao voto não podia ser menor. O chamado bloco central em alternância culminando com a invasão da troika e o governo de Passos Coelho e suas consequências não poderiam deixar de levar o comum dos mortais, para além de todos os incitamentos, a interrogar-se: “votar para quê? É sempre a mesma mer… ou pior”.

Ora, durante ano após ano, apenas mudavam o sentido de voto os votantes do centro, no fundo os do “status quo”, de acordo com os que lhes garantiam mais estabilidade e possibilidade “de subir”; ora votavam laranja ora rosa “pálido”. E os que não ganhavam com isso… foram-se cansando… naturalmente ou os mais jovens a conselho dos paizinhos inscrevendo-se nas jotas na esperança de conseguirem chegar a uma universidade de verão e passarem a doutores nas televisões mesmo que apenas nos debates futebolísticos.

Porém, não poderia esquecer neste SIMPLES talvez a principal causa quanto a mim que interveio e de que forma em tudo isto – o gravíssimo sentimento de injustiça associado necessariamente à gritante desigualdade social… ”Os muito ricos roubam o que querem e não lhes acontece nada… o pobre rouba um papo seco e vai preso”!!!… e já “chega”!!!

Em relação ao problema da (in)justiça e da flagrante desigualdade social muito pouco se vislumbrou. Os partidos de esquerda condescenderam em grande parte com o velho chavão de “ao executivo o que é do executivo e à justiça o que é da justiça” que a seu tempo bem útil foi ao leader do PS. Curiosamente acabou por ser também ele vítima da sua prosápia mas não sem que antes tenha conseguido a maioria absoluta a que aspirava. O problema da justiça é sem dúvida um dos elos mais fracos do nosso estado de direito e recordemos que foi, talvez, o principal descuido do 25 de Abril. Creio extremamente difícil elaborar perguntas e/ou tentativas de conseguir conciliar numa verdadeira perspectiva democrática nos tempos que correm sequer a hipótese de uma parcial minimamente significativa separação entre os dois poderes. Aliás, e compreende-se, quão difícil foi sempre. Sem me querer alongar sobre o tema – quem sou eu para tal? – limito-me a constatar (vox populi) sem qualquer dúvida quão importante vem sendo há já largos anos entre nós este entrave do nosso estado de direito. Não por acaso, é, diria generalizada, hoje, a falta de confiança na justiça fruto de todo um já longo processo moroso e quantas vezes irregular de forma não raramente de bradar aos céus. Não tenho dúvidas que vai de par com as desigualdades sociais, e, não por acaso, as pessoas e bem aliam as duas circunstâncias… constituem as maiores causas da abstenção e do progressivo desinteresse das nossas gentes pela política no seu sentido mais amplo.

O voto exige e bem um verdadeiro estado de direito.

Ontem como hoje os partidos que prezam a democracia têm que perder o medo de enfrentar a justiça, como, aliás, uma parte muito significativa da comunicação social o que, convenhamos, é cada mais difícil… mas esse é outro tema que nos levaria mais longe!!!

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