Alcoutim defende que nova barragem e prospeção mineira são compatíveis

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O presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, rejeitou hoje optar entre uma barragem na ribeira da Foupana ou uma prospeção mineira no interior do sotavento algarvio, por considerar que os dois projetos são compatíveis.

O autarca afastou, assim, a ideia de haver um conflito entre a construção de uma barragem e um projeto de prospeção mineira nas freguesias de Alcoutim e Castro Marim, na zona de Ferrarias, por haver formas de garantir que ambos os projetos beneficiam um território afetado pela perda e o envelhecimento populacional.

Osvaldo Gonçalves lembrou que os municípios da zona sempre se posicionaram a favor da construção de uma terceira estrutura de retenção no leste algarvio, que se somaria às já existentes barragens de Odeleite e do Beliche, e frisou que esse objetivo não colide com a realização de trabalhos de prospeção que permitam conhecer e valorizar o subsolo.

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O autarca manifestou “total concordância” com o “aproveitamento da água da [ribeira da] Foupana, seja com uma barragem, seja com açude”, porque iria garantir que este recurso não se perdia para o rio Guadiana e o mar, como acontece agora, e seria também aproveitado para reforçar as reservas de uma região cada vez mais afetada pela seca e desertificação.

“São duas coisas que estão neste momento em fases de maturação mais ou menos idênticas e, se nós começássemos a dizer que um condiciona o outro, então provavelmente teríamos de escolher ou o outro. E eu, na minha perspetiva, acho que neste momento não estamos em fase de escolher nenhum e estamos em fase de avançar com os dois”, sustentou.

Relativamente à prospeção de minérios, Osvaldo Gonçalves refere encarar o projeto numa outra perspetiva, que é a do rastreamento e valorização do subsolo: “É importante sabermos o que temos aqui [no subsolo], para saber que valorização pode ter”, argumentou o autarca daquela Câmara do distrito de Faro.

Osvaldo Gonçalves recordou que a captação de investimento é dificultada por mecanismos de ordenamento que “puxam muito para baixo em relação àquilo que é a valorização dos territórios do interior” e considerou ser necessário favorecer a instalação de projetos na serra algarvia, compatibilizando-os com os padrões ambientais e de segurança.

“A valorização do território é importante e a questão da prospeção do minério, interpretada da forma como cada um quiser, tem impactos no ambiente, com certeza, mesmo que sejam mínimos, mas uma barragem também tem impactos, os painéis fotovoltaicos têm impactos e qualquer coisa que se faça tem impactos”, reconheceu.

Dois projetos que cumpram as normas ambientais

O presidente da Câmara de Alcoutim disse ainda esperar que, “caso se consiga efetivamente construir a barragem” e “venha a haver futuramente uma exploração de minério”, sempre “hão de haver formas de compatibilizar” os dois projetos e assegurar o cumprimento das “normas que hoje existem em termos de segurança e proteção do ambiente”.

“Se acharmos que uma é inimiga da outra, vamos ter logo à partida uma guerra em que há dois lados, um que defende uma coisa e o outro que defende outra. Ora, nós o que neste momento precisamos é defender tudo aquilo que tenha a ver com potencializar e valorizar o território”, disse ainda o autarca.

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1 COMENTÁRIO

  1. Há momentos na vida dos homens em que se impõe aquilo que vulgarmente se designa por “cortar a direito”, sob pena de nos perdermos em digladiações estéreis, que a nada conduzem.

    É, cada vez mais, o caso premente da desertificação imparável, de que o Algarve é um preocupante exemplo, desertificação cujo avanço, do Sul Para o Norte, impõe que aproveitemos cada gota do precioso líquido, a que chamamos água, sinónimo de vida, em vez de, insensatamente, deixarmos que ela se escoe, a caminho do mar.

    Segundo a notícia, existem duas opções que se confrontam, nas suas prioridades : a barragem “versus” a exploração mineira, cuja escolha apela ao bom senso, sendo que aquela deve apontar, decididamente, no favorecimento primeira, em detrimento da segunda opção, contrariamente à opinião do presidente da Câmara de Alcoutim que, sabe-se lá porquê, disse esperar, cito, que, “caso se consiga efectivamente construir a barragem e ‘venha a haver futuramente uma exploração de minério’, sempre ‘hão-de haver formas de compatibilizar os dois projectos e assegurar o cumprimento das normas que hoje existem em termos de segurança e protecção do ambiente”.

    Há casamentos que são, marcadamente, contra-natura e têm, desde a sua consumação, o “divórcio” assegurado.
    É o caso do exemplo apresentado, pelo que vamos esperar que a ponderação e a sensatez prevaleçam.

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