Alemanha na mira de Bruxelas

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Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia

Depois de se verificar que o país de Merkel causa desiquilíbrios macroecómicos, de Durão Barroso contemporiza: “Gostaríamos de ter mais Alemanhas na Europa”

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A Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira a abertura de uma “investigação aprofundada” sobre o excedente externo da economia alemã, por considerar que este é um desequilíbrio macroeconómico capaz de prejudicar os demais países da zona euro.

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Esta decisão resulta da implantação de um procedimento destinado a identificar potenciais desequilíbrios macroeconómicos entre os 28 países da União Europeia (UE ) e que tem por base 11 indicadores. É a primeira vez que a Alemanha, o motor da economia do continente, se vê incluída na lista dos prevaricadores (além do excedente externo, Berlim ultrapassou os limites para outros três indicadores).

Este desenlace já era esperado e deu lugar nas últimas semanas a uma enorme controvérsia, sobretudo na própria Alemanha, onde não falta quem considere que o país está a ser castigado pelos seus méritos.

Nos diferentes documentos de trabalho relacionados com o tema a Comissão Europeia tem-se esforçado por explicar que não se trata de uma crítica à Alemanha, mas sim de uma análise “objectiva”.

Esta ideia foi enfatizada por Durão Barroso, numa conferência de imprensa em Bruxelas: “Isto não dever visto como a Europa estar em desacordo com a competitividade alemã. Pelo contrário, é muito bom para a Alemanha e certamente para a Europa que, sendo a Alemanha a maior economia, continue a ser um país tão competitivo e com um crescimento tão orientado para as exportações. Gostaríamos de ter mais Alemanhas na Europa”.

Os indicadores aprovados na Europa estabelecem que a média do excedente externo dos últimos três anos não deve superar os 6%. No caso alemão esse valor é de 6,5% e, de acordo com os dados estatísticos divulgados hoje pela Comissão, desde 2007 que ele é superior ao limite definido.

As previsões mais recentes apontam para um valor este ano semelhante ao de 2012 (7%) e para a manutenção desta tendência até 2015, “sugerindo que não se trata de um fenómeno cíclico de curta duração”.

Os resultados desta “investigação” serão conhecidos apenas na Primavera e poderão culminar na apresentação de uma recomendação para que Berlim mude de política. Caso os desequilíbrios persistam e acabem por “prejudicar o normal funcionamento” da união monetária e a Alemanha continue a fazer orelhas moucas às recomendações europeias, estas poderão dar lugar a sanções pecuniárias que podem chegar até 0,1% do PIB do país.

O objectivo deste exercício, complementar ao controlo e implementação das apertadas regras de disciplina orçamental, é reforçar a coordenação das políticas económicas e evitar que situações potencialmente problemáticas ou opções económicas de fundo de um Estado-membro tenham repercussões negativas para os demais. Como por exemplo aconteceu com as bolhas imobiliárias em alguns países na eclosão da crise da dívida soberana.

Daniel do Rosário (Rede Expresso)

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