Algarve e Alentejo querem aproveitar resíduos florestais para produzir eletricidade

ouvir notícia

- Publicidade -spot_img

Projeto pode redinamizar florestas e competir com central espanhola

Folhas secas, ramos e troncos. Basicamente, usar a lenha não só para produzir calor, mas também para dar luz. A ideia não é nova, trata-se de usar um motor de combustão ligado a uma turbina que ao girar produz energia elétrica, mas curiosamente em Portugal dos cinco concursos mais recentes para a construção de centrais de biomassa (um deles no Algarve, em Monchique) nenhum teve interessados à altura.

“Acredito que tenha sido porque os produtores florestais, ao analisarem os valores de investimento e o preço a que lhes pagariam a energia elétrica, consideraram que o negócio não era interessante”, analisa Miguel Nunes, engenheiro da ALGAR. A empresa é responsável pela recolha e valorização dos resíduos sólidos no Algarve e é um dos parceiros envolvidos num projeto comunitário – o PROFORBIOMED, desenvolvido em Portugal e outros cinco países mediterrânicos (Espanha, França, Itália, Grécia e Eslovénia).

- Publicidade -

Na parte portuguesa do projeto, que deverá concluir-se em três anos, participam o Centro de Investigação em Ciências do Ambiente e Empresariais (CICAE), do Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF), em Loulé, a ALGAR e ainda a Autoridade Florestal Nacional e a ideia é valorizar os recursos subaproveitados da floresta, em especial no Alentejo e Algarve.

O processo, já experimentado em vários países do norte da Europa, traz vantagens onde habitualmente se vêem inconvenientes, uma vez que os proprietários florestais podem passar a ter lucro de uma actividade que normalmente dá despesas, tal como a limpeza da floresta.

Será que há lenha para se queimar?

A questão que se coloca é a da rentabilidade dos projetos, que em regra obrigam a uma escala suficientemente grande para que a exploração compense , o que ainda não é certo que aconteça no sul do país. Mas há alternativas: “Para países parecidos com o nosso, se não houver potencial para uma grande central pode fazer-se aproveitamentos locais, como em piscinas, pavilhões ou escolas”, explica Miguel Nunes. “Muitas vezes estes equipamentos para aquecimento já existem mas são abastecidos por briquetes, poderão passar a utilizar os resíduos florestais”, acrescenta.

No caso concreto do Alentejo e Algarve, a hipótese mais provável poderá passar pela construção de uma central de biomassa em Monchique, com uma potência de 1 ou 2 megawatts, num investimento estimado de 500 mil euros suficiente para abastecer de energia elétrica uma população de cerca de 5 mil habitantes.

De acordo com estudos preliminares, as empresas de recolha e valorização de resíduos podem funcionar como âncoras para a entrega da matéria florestal por parte de grandes e pequenos produtores, tal como acontece aliás noutros países como a vizinha Espanha, cuja central mais próxima se encontra em Sevilha, na Andaluzia. Em Portugal, existe também uma única central de biomassa, a norte, em Mortágua, propriedade da EDP.

Projeto de 5,4 milhões de euros

Após estudarem as várias experiências em curso no setor, nos países envolvidos, os parceiros tentarão adotar as melhores práticas e soluções para a valorização não só energética como também económica e o resultado dos trabalhos teóricos tem por objetivo inspirar a criação de uma diretiva comunitária para o setor da biomassa.

O PROFORBIOMED, que tem um orçamento comunitário de €5,4 milhões arrancou em Março passado e tentará identificar constrangimentos legais, económicos e sociais que possam estar na origem do não aproveitamento pleno da biomassa florestal.

O estudo do potencial da biomassa (como a medição calorífica ou a aplicação na indústria farmacêutica ou na perfumaria) é outro objectivo a cumprir pelos promotores da iniciativa, que pretende por fim implementar redes de energia inteligentes, a par da dinamização de estratégias de desenvolvimento local.

JA/Rede Expresso
- Publicidade -
- Publicidade -spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.