Algarve e Andaluzia de novo juntos como berços das descobertas

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Cinco séculos depois, os descobrimentos voltam a unir as regiões vizinhas do Algarve e Andaluzia. A ideia é criar uma rota europeia – “Descubriter” – para relatar os lendários feitos dos primeiros navegadores, que zarparam de ambos os lados da fronteira “às escuras” em busca de novas terras. O projeto, promovido pelo Turismo do Algarve e Turismo de Sevilha, vai ser apresentado em primeira mão, no próximo dia 15 de fevereiro, na mítica vila de Sagres, onde há cerca de quinhentos anos acabava a terra e começava o mar

O Algarve do século XV não era muito diferente do que é hoje em termos de distribuição da população, que se estendia por toda a costa marítima. Fruto da sua posição geográfica, o algarvio era um hábil marinheiro e já tinha uma capacidade de navegação superior a outros povos, fatores que contribuíram decisivamente para o pioneirismo da expansão.

À região coube a honra de ter sido a porta por onde saíram as primeiras caravelas que ligaram o “velho mundo” a outros mundos nunca antes navegados, com particular relevo para Lagos, Vila do Bispo e Sagres, localidades fortemente ligadas à figura do Infante Dom Henrique, o Navegador.

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Entre os séculos XV e XVII, o berço dos descobrimentos desenvolveu-se no território da Península Ibérica compreendido entre o Cabo de São Vicente (Vila do Bispo) e Sanlúcar de Barrameda (Cádis, Andaluzia). Foi destes territórios que partiram todas as expedições marítimas que tinham como objetivo explorar novas terras.

Mais de quinhentos anos depois, o Algarve e a Andaluzia vão unir-se de novo para criar uma rota temática dedicada aos descobrimentos. O projeto, que resulta de uma parceria entre o Turismo do Algarve com o Turismo de Sevilha, vai ser apresentado em primeira mão, no próximo dia 15 de fevereiro (sexta-feira), em Sagres. A iniciativa vai decorrer a bordo da Nau Victoria, uma réplica perfeita do navio espanhol que completou a primeira volta ao mundo no século XVI, comandada por Fernão de Magalhães e Juan Sebastian Elcano.

“Descubriter – Rota Europeia dos Descobrimentos” é o nome do projeto que as duas regiões separadas pelo rio Guadiana pretendem concretizar e que visa “a divulgação da cultura, da história e do património da navegação, juntando o Algarve e a Andaluzia na sua tradição marítima”.

“Trata-se de uma nova rota que tem como objetivo identificar, valorizar e promover os territórios dos descobrimentos”, acentuam os responsáveis dos dois lados da fronteira.

Caravela Boa Esperança viaja pelo mundo

Ainda de acordo com as entidades regionais de turismo do Algarve e Andaluzia, esta iniciativa prevê a criação de um museu virtual dos descobrimentos, a realização de jornadas sobre a mesma temática, uma newsletter mensal e um sítio na internet.

Mas uma das maiores apostas deste projeto vai para a realização de ações de promoção turística a bordo de réplicas de embarcações históricas, nomeadamente na Nau Victoria e na Caravela Boa Esperança, que serão usadas para relatar os feitos lendários e as aventuras corajosas dos marinheiros algarvios e andaluzes.

A ideia do Turismo do Algarve é ancorar a Boa Esperança em vários portos do mundo, ao lado da nau espanhola, para promover a região através dos descobrimentos.

A réplica da caravela quinhentista, que está há cerca de 12 anos ao serviço do turismo regional para viagens promocionais, foi colocada à venda ou aluguer, no ano passado, devido ao corte no orçamento do Turismo do Algarve.

Enquanto não há comprador, a Boa Esperança já tem destino traçado para os próximos tempos: ser ancorada em diferentes portos mundiais, com a nau espanhola Victoria, para “contarem” a história das descobertas.

Elos culturais e históricos com mais de cinco séculos

“O Algarve e a Andaluzia centralizaram todas as expedições marítimas destinadas a explorar o Planeta, entre os séculos XV e XVII. Esta ligação com mais de cinco séculos gerou uma série de laços culturais e históricos que perduraram até aos nossos dias”, realçam os promotores do projeto, frisando que as duas regiões partilham “um património único, de valor incalculável e ambas têm um potencial turístico excecional”.

Do Algarve partiram as primeiras expedições de exploração da costa africana que dão início à era dos descobrimentos portugueses, no século XV. Já a província de Sevilha, no início do século XVI, torna-se porto e porta das Índias, daí partindo e regressando todas as expedições marítimas.

A Rota Europeia dos Descobrimentos é um projeto coordenado pela Fundación Nao Victoria e conta com a participação do Turismo de Sevilha, Turismo do Algarve, Direção Regional de Cultura do Algarve, Promosagres e municípios de Sanlúcar de Barrameda, Palos de la Frontera, Lagos e Vila do Bispo.

A iniciativa é desenvolvida ao abrigo do FEDER, orçada em 560 mil euros e cofinanciada a 75 por cento através do Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007-2013 (POCTEP).

NC
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