Alqueva faz simulação de caudal de cheia no rio Guadiana

A simulação configura “uma obrigação ambiental que decorre do regime de caudais que a EDIA está obrigada contratualmente a cumprir (...)"

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A empresa gestora do Alqueva está a realizar, desde esta terça-feira, 27 de fevereiro, e até dia 29, quinta-feira, uma ação de simulação de caudal de cheia no rio Guadiana, para garantir “o cumprimento do regime natural daquele curso de água”, avançou a empresa.

Em comunicado, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), que tem sede em Beja, indicou que, ao final desta terça-feira foram libertados 45 hectómetros cúbicos (hm3) de água a partir da Barragem de Pedrógão, localizada no concelho de Vidigueira (Beja) e integrada naquele empreendimento de fins múltiplos.

A operação, “essencial para limpeza e manutenção dos ecossistemas ribeirinhos no leito do rio Guadiana até à foz”, vai atingir “o pico” esta quarta e na quinta-feira, “com uma média de 300 metros cúbicos (m3) de água libertada por segundo”.

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A simulação configura “uma obrigação ambiental que decorre do regime de caudais que a EDIA está obrigada contratualmente a cumprir”, explicou o presidente da empresa, José Pedro Salema.

O gestor acrescentou que a operação vai replicar uma situação de cheias, “uma condição natural que ocorre frequentemente” num rio e que aconteceria também no Guadiana “se não houvesse a barragem”.

“Isto é tentar minimizar o impacto que uma construção de um muro com 100 metros de altura causa ao funcionamento natural do rio”, disse.

Benefícios para a biodiversidade

O presidente da EDIA frisou que a simulação do caudal de cheia vai igualmente beneficiar a biodiversidade a jusante da barragem.

“Há uma série de espécies dos nutrientes que são transportados, principalmente em momentos de cheia. Por exemplo, diz-se que, nos anos em que há cheias, há mais sardinha no Algarve, porque há mais nutrientes que chegam ao mar pela foz do rio”, justificou.

Em simultâneo, a descarga vai evitar “assoreamentos grandes no rio” causados pelos afluentes do Guadiana, “que vão depositando os seus sedimentos” nas respetivas zonas de foz, “que são o leito do rio”.

“Portanto, há aqui um efeito de limpeza muito importante nestes caudais”, frisou José Pedro Salema.

Sem riscos de segurança

O presidente da EDIA afiançou que a operação prevista não coloca riscos de segurança, pois, “são caudais relativamente pequenos” e “as entidades estão avisadas”.

“Uma grande cheia no Guadiana [implica] alguns milhares de m3 por segundo e nós vamos ter algumas centenas de m3 por segundo. É uma ordem de grandeza abaixo”, acrescentou.

José Pedro Salema observou ainda que “caudais desta ordem de grandeza já chegaram a Alqueva este ano” e teriam acontecido no Guadiana se não existissem as barragens de Alqueva e Pedrogão.

“Este ano já tinham acontecido, com certeza, caudais desta grandeza e vamos fazê-lo em muito menor grau, porque estamos a guardar a água para usar no verão”, concluiu.

No comunicado, a EDIA revelou que o caudal de 45 hm3 a libertar “representa cerca de 7% do volume encaixado em Alqueva desde o dia 1 de janeiro até à data de hoje, não colocando em causa a garantia de água de Alqueva para os diferentes fins a que se destina”.

A empresa referiu ainda que “este é o segundo ano consecutivo” em que o empreendimento “procede à libertação de água, no âmbito do regime de caudais ecológicos definidos para as albufeiras de Alqueva e Pedrógão”, constante do contrato de concessão celebrado com o Estado Português.

Este contrato prevê a simulação de um caudal de cheia, a jusante da barragem de Pedrógão, “caso as afluências naturais, em ano não seco, não atinjam valores iguais ou superiores a 300 m3 por segundo desde o início de novembro na secção do Pulo do Lobo”, lê-se na nota.

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