Angolanos preparam manifestação para exigir que José Eduardo dos Santos abandone o poder

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José Eduardo dos Santos, na imagem com Kadhafi e com Mubarack, chegou ao poder há 32 anos

População está a ser incitada a manifestar-se na segunda-feira. MPLA marca contra-manifestação para sábado com o objetivo de “desencorajar qualquer acto de desobediência e rebeldia contra as instituições do Estado e do partido no poder em Angola”

 

Depois das contestações e revoltas contra os respetivos governos verificadas recentemente em vários países árabes, a população de Angola está a ser convocada via SMS, e-mail e redes sociais da internet para uma manifestação anti-governamental agendada para a próxima segunda-feira, em Luanda.

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O manifesto anónimo, intitulado “A Nova Revolução do Povo Angolano”, começou a ser difundido via internet, mas há alguns dias que começaram também a surgir panfletos nas ruas da capital angolana. De acordo com o site ‘angola24horas.com’, pelo menos três organizações políticas (PP-Partido Popular, PDP-ANA e os POC – Partidos da Oposição Civil) já expressaram o desejo de dar o rosto pela manifestação. A estes, e de acordo com o mesmo site, juntam-se organizações da sociedade civil, entre as quais o Amplo Movimento pelo Cidadão, o Fórum das Autoridades Tradicionais, a MPALABANDA e o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos.

UNITA nega envolvimento
O MPLA, partido que detém o poder, começou por acusar a UNITA de estar envolvida na organização da manifestação, mas Isaías Samakuva, líder do principal partido da oposição, já negou o envolvimento do seu partido. Em conferência de imprensa, e citado pela Agência Lusa, Samakuva repudiou as declarações de todos quantos pretendem “transformar a UNITA em bode expiatório da má governação do executivo” e foi mais longe, acusando o “regime do Presidente José Eduardo dos Santos” de estar a planear “um atentado à vida dos dirigentes” da UNITA.

“Pedimos a Deus que nos proteja neste dia”
Entretanto, um segundo comunicado difundido através dos mesmos meios, frisa que se trata de uma “manifestação pacífica” e alerta os manifestantes para “não reagirem a qualquer ataque policial ou militar”.

Entre outras exigências, na sua maioria de carácter social, o comunicado recorda que os manifestantes irão exigir “a saída do camarada José Eduardo dos Santos e de seus fieis colaboradores da liderança do partido e consequentemente do país” e que “o Presidente da República seja eleito de forma directa através das eleições presidenciais e não através do parlamento”.

“Pedimos a Deus que nos proteja neste dia em que faremos ouvir a nossa voz, a voz da liberdade e da revolta de um povo que sofre mesmo sendo rico”, concluem os organizadores da manifestação.

Citado pelo jornal Le Fígaro, o secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo, diz que “não se pode confundir o que se passa nos países do Maghreb com a realidade angolana” e preveniu que o regime avançará com “medidas muito sérias” contra quem venha a fazer uma manifestação.

MPLA marca contra-manifestação para sábado
A convocatória para a manifestação de terça-feira começou por não ser tomada muito a sério, mas a verdade é que o MPLA já marcou uma outra manifestação, para este sábado, denominada “Marcha Patriótica para a Paz”, a fim de “desencorajar qualquer acto de desobediência e rebeldia contra as Instituições do Estado, e do Partido no poder em Angola”, refere a edição online da TPA (Televisão Pública de Angola).

O MPLA acusou ainda “alguns países ocidentais” de estarem a “incentivar grupos de cidadãos para instaurarem manifestações de desordem e instabilidade civil em Angola”.

“Com apoio de algumas centrais de inteligência e alguns grupos de pressão de países, como França, Portugal, Itália, Bruxelas, e algumas partes da Grã-bretanha, puseram em marcha uma verdadeira operação contra a República de Angola, contra o MPLA, e sobretudo, contra o Camarada Presidente José Eduardo Dos Santos”, afirmou Bento Bento, secretário provincial do MPLA de Luanda, citado pela TPA.

O político disse ainda que “Angola não é Egito, Líbia, nem Tunísia, por isso não se vai deixar nem permitir qualquer acto desta natureza”.

José Eduardo dos Santos está no poder em Angola há 32 anos.

Domingos Viegas

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