População está a ser incitada a manifestar-se na segunda-feira. MPLA marca contra-manifestação para sábado com o objetivo de “desencorajar qualquer acto de desobediência e rebeldia contra as instituições do Estado e do partido no poder em Angola”
Depois das contestações e revoltas contra os respetivos governos verificadas recentemente em vários países árabes, a população de Angola está a ser convocada via SMS, e-mail e redes sociais da internet para uma manifestação anti-governamental agendada para a próxima segunda-feira, em Luanda.
O manifesto anónimo, intitulado “A Nova Revolução do Povo Angolano”, começou a ser difundido via internet, mas há alguns dias que começaram também a surgir panfletos nas ruas da capital angolana. De acordo com o site ‘angola24horas.com’, pelo menos três organizações políticas (PP-Partido Popular, PDP-ANA e os POC – Partidos da Oposição Civil) já expressaram o desejo de dar o rosto pela manifestação. A estes, e de acordo com o mesmo site, juntam-se organizações da sociedade civil, entre as quais o Amplo Movimento pelo Cidadão, o Fórum das Autoridades Tradicionais, a MPALABANDA e o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos.
UNITA nega envolvimento
O MPLA, partido que detém o poder, começou por acusar a UNITA de estar envolvida na organização da manifestação, mas Isaías Samakuva, líder do principal partido da oposição, já negou o envolvimento do seu partido. Em conferência de imprensa, e citado pela Agência Lusa, Samakuva repudiou as declarações de todos quantos pretendem “transformar a UNITA em bode expiatório da má governação do executivo” e foi mais longe, acusando o “regime do Presidente José Eduardo dos Santos” de estar a planear “um atentado à vida dos dirigentes” da UNITA.
“Pedimos a Deus que nos proteja neste dia”
Entretanto, um segundo comunicado difundido através dos mesmos meios, frisa que se trata de uma “manifestação pacífica” e alerta os manifestantes para “não reagirem a qualquer ataque policial ou militar”.
Entre outras exigências, na sua maioria de carácter social, o comunicado recorda que os manifestantes irão exigir “a saída do camarada José Eduardo dos Santos e de seus fieis colaboradores da liderança do partido e consequentemente do país” e que “o Presidente da República seja eleito de forma directa através das eleições presidenciais e não através do parlamento”.
“Pedimos a Deus que nos proteja neste dia em que faremos ouvir a nossa voz, a voz da liberdade e da revolta de um povo que sofre mesmo sendo rico”, concluem os organizadores da manifestação.
Citado pelo jornal Le Fígaro, o secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo, diz que “não se pode confundir o que se passa nos países do Maghreb com a realidade angolana” e preveniu que o regime avançará com “medidas muito sérias” contra quem venha a fazer uma manifestação.
MPLA marca contra-manifestação para sábado
A convocatória para a manifestação de terça-feira começou por não ser tomada muito a sério, mas a verdade é que o MPLA já marcou uma outra manifestação, para este sábado, denominada “Marcha Patriótica para a Paz”, a fim de “desencorajar qualquer acto de desobediência e rebeldia contra as Instituições do Estado, e do Partido no poder em Angola”, refere a edição online da TPA (Televisão Pública de Angola).
O MPLA acusou ainda “alguns países ocidentais” de estarem a “incentivar grupos de cidadãos para instaurarem manifestações de desordem e instabilidade civil em Angola”.
“Com apoio de algumas centrais de inteligência e alguns grupos de pressão de países, como França, Portugal, Itália, Bruxelas, e algumas partes da Grã-bretanha, puseram em marcha uma verdadeira operação contra a República de Angola, contra o MPLA, e sobretudo, contra o Camarada Presidente José Eduardo Dos Santos”, afirmou Bento Bento, secretário provincial do MPLA de Luanda, citado pela TPA.
O político disse ainda que “Angola não é Egito, Líbia, nem Tunísia, por isso não se vai deixar nem permitir qualquer acto desta natureza”.
José Eduardo dos Santos está no poder em Angola há 32 anos.
Domingos Viegas
temos que dar mão a torcernão quero violenciamasqueroque o JES saia do poder e que as suas ditaduras acabem,o povo esta cansado de sofrer em quanto eles conseguem roubar