Vicente Campinas, o vilarrealense que homenageou Catarina Eufémea

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No disco Cantigas de Maio, além da senha do 25 de abril, Grândola Vila Morena, outra canção musicada por José Afonso fez história e ainda hoje é um hino: “Cantar Alentejano”, uma homenagem sentida a uma jovem camponesa assassinada pela GNR nos anos 50. Também a homenageou o escritor e lutador antifascista, António Vicente Campinas, com o livro e poema "Catarina". Aqui se conta a sua vida e obra

Gravado em 1971 num estúdio de Paris, “Cantigas do Maio” é ainda hoje considerado por muitos a obra-prima maior de José Afonso. E foi a esse álbum de 9 canções que, como se lê nas páginas anexas, o jornalista algarvio Carlos Albino foi buscar Grândola Vila Morena, que serviria de senha à Revolução que mudaria o País, três anos depois da gravação.

Entre as nove músicas, quase todas elas com letra e música do poeta e cantor nascido em Aveiro em 1929, destaca-se uma pequena pérola, que se transformaria um dia num hino de homenagem a uma jovem assalariada rural, militante do PCP, que a GNR assassinou pelas costas com três tiros, durante uma greve, em maio de 1954. Chamava-se Catarina Eufémea.

De há uns anos para cá, surgiu a dúvida da autoria da letra de uma das músicas do histórico álbum, o tema “Cantar Alentejano”. Foi, então, defendido que os versos que juram que “quem viu morrer Catarina não perdoa a quem matou” seriam da autoria de António Vicente Campinas (1910-1998), poeta e escritor algarvio natural de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, cidade onde se fixaria ainda na adolescência, o que não corresponde à verdade, como noticiámos na edição impressa, porque foi Zeca Afonso quem escreveu a canção.

Efetivamente, Vicente Campinas homenageou Catarina Eufémia, mas com a publicação de um livro intitulado Catarina que foi lançado em Bruxelas, decorria o ano de 1967. Passados seis anos, 1973, era publicado em Portugal mas com uma capa diferente.

Capa do livro editado em Portugal, 1973

Ao longo dos 88 anos da sua vida, foi poeta, romancista, cronista e jornalista, resistente antifascista, e intelectual entrosado na vida da comunidade. Foi militante do PCP, desde jovem, e pagou a militância com a prisão e o exílio.

Destacou-se sobretudo como escritor, cuja mensagem ficou perpetuada nos seus textos, com a denúncia das dificuldades da população algarvia e as referências à luta por melhores condições de vida.

Entre os...

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