AVARIAS: Um fim-de-semana rotineiro

Tornei a ver futebol a granel na RTP. Quando acaba a época da caça futebolística dos clubes começam as selecções e similares. Hoje há selecções para todos os gostos: sub 16; 17; 18 (não sei, mas imagino); 19; 20; 21 e segundo sei 23. Não percebo o que os vinte e dois anos de idade fizeram de mal para serem preteridos, mas é certa a sua menorização no mundo do futebol. Acabei de ver um Portugal – Chipre com uma exibição muito razoável – como se diz na gíria – da equipa das quinas. Geralmente não vejo jogos a feijões, mas desta vez espreitei e fiquei razoavelmente contente. Chipre, equipa de nomes complicados (jogou um português nacionalizado, chamado Margaça, quando podia, sem prejuízo do seu valor, ser um Silva, José ou João) não é certamente a Alemanha, mas às vezes engatam e já nos impuseram um resultado merdoso, se a memória não me falha, um empate na cidade de Guimarães. Agora ganhámos com muita facilidade e no final o treinador Fernando Santos foi visto por estes dois que a terra há-de comer (não falemos agora do problema da cremação. A minha falta de religião não me permite), a puxar umas passas de um cigarro, quando se dirigia para as chamadas entrevistas rápidas. Não sei como, mas num futuro próximo, ir-lhe-ão cortar na casaca no domínio geral da maluquice das redes sociais. Sou insuspeito, não fumo, mas penso que voltou a histeria da proibição, que é uma coisa que passa pela cabeça de algum responsável de tempos a tempos. Qualquer dia não se pode fumar na varanda de um quinto andar, caso no rés-do-chão vá passar uma criança no raio de cinquenta metros. Não sei porque não proíbem a circulação de automóveis. Tenho a ideia de ter lido, em tempos, que o fumo dos escapes pode ser potencialmente perigoso para a saúde humana. Mas se calhar foi má interpretação minha.
Neste preciso momento em que assento os meus finos e delicados dedos sobre as teclas de um computador passam as imagens do nosso presidente Marcelo em visita às ilhas dos Açores. É a segunda vez que escrevo sobre o presidente e a segunda vez que digo sim, acho bem o que faz em prol das selfies e dos variados beijos dados às senhoras. Um presidente em Portugal faz o quê? Manda nas forças armadas, representa o Estado, investe e pode derrubar governos e pouco mais. Então, se pouco mais, mais vale um homem culto, simpático, sorridente e com sentido de humor, que um certo cara de pau que nos austerizou com o menino Passos Coelho e impôs, mais uma vez aos mesmos, o castigo da praxe – gastámos nós, os políticos, os poderosos e principalmente os banqueiros, pagam vocês, arraia miúda!
Só para acabar devo dizer que gostei da vitória do Real, mas penso sempre que o Ronaldo podia alterar aquela mania de cada vez que se fala de valia e golos, rematar literalmente com: “esses que falam mal de mim”. Não há ninguém que lhe diga que pode haver nos confins da Terra alguém que não gosta dos seus penteados e poses? Também lhe afianço que só pessoas como estas (que se pensam intocáveis) conseguem os seus objectivos: uma obsessão também tem essa parte. À parte isso, gostei que o realizador se tivesse demorado a mostrar Buffon, que era o jogador da final, mais representativo do futebol, enquanto desporto que é mais do que um jogo.

Fernando Proença

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