Basquetebol algarvio está a dar cartas a nível nacional

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O basquetebol algarvio está bem e recomenda-se, mas faltam árbitros e treinadores para acompanhar a evolução da modalidade. Com os bons resultados obtidos nas últimas épocas pelas equipas algarvias, nomeadamente o Imortal de Albufeira, o número de atletas dos vários escalões tem vindo a aumentar, tal como a aposta na formação e na educação desta modalidade desde o ensino básico e a contratação de jogadores estrangeiros

O presidente da Associação de Basquetebol do Algarve, Eduardo Cruz revela ao JA haver “duas condicionantes” no basquetebol algarvio: a falta de árbitros e de treinadores, principalmente no escalão de formação.


Uma das razões é o facto do Algarve ser “um destino muito turístico”, fazendo com que “os jovens vão trabalhar” durante a época alta “e não têm disponibilidade para fazer os cursos”, além de muitas vezes estarem deslocados.

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Em relação aos árbitros, o presidente da associação explica que “os novos profissionais aguentam-se pouco tempo devido à pressão” e acabam depois por ir estudar para fora da região.


“Podemos crescer mais no Algarve se tivermos treinadores e árbitros”, considera.


Os resultados do Imortal LuziGás são o espelho e um exemplo da realidade algarvia do basquetebol. Atualmente, a equipa de Albufeira está colocada em primeiro lugar na Liga Betclic Masculina, liderando o pódio ao lado do Lusitânia Experto e do Sporting CP.


Na quarta jornada do campeonato, o Imortal defrontou o Lusitânia Experto, vencendo por 87-85, com destaque para as prestações de Marqueze Coleman, Fábio Lima, Anthony Smith e Dontae Bruner.


Desde o ano de 2016, a equipa masculina de Albufeira já alcançou três primeiros lugares nas épocas de 2016-2017 (Campeonato Nacional da 1.ª Divisão de Portugal), 2017-2018 (campeão da Proliga), 2019-20 (novamente campeão da Proliga) e mais recentemente o terceiro lugar em 2020-2021 na Liga Portuguesa de Basquetebol.


“O Imortal de Albufeira constitui o clube que lidera no Algarve”, refere Eduardo Cruz ao JA, acrescentando ainda que o emblema “tem conseguido fazer um bom trabalho com a formação e tem uma boa escola de minis”, além de notável crescimento a nível da organização.


O mesmo acontece com outros clubes algarvios como o Portimonense, o Ginásio Olhanense ou o Farense, que têm apresentado bons resultados nas suas competições e “investindo nesse caminho”, também com a contratação de jogadores internacionais.

O Imortal é uma das equipas algarvias com jogadores estrangeiros

Atletas estrangeiros em equipas algarvias


O Imortal, o Portimonense e o Farense são algumas das equipas de basquetebol do Algarve que já têm no seu plantel atletas estrangeiros, principalmente oriundos dos Estados Unidos da América.


“O grande fornecedor são os americanos e alguns vêm das universidades. Há agentes de jogadores que fornecem os vídeos para os clubes, que decidem apostar e arriscar, havendo ainda um período experimental”, explica.


Eduardo Cruz acrescenta ainda que muitos desses jovens estrangeiros “aproveitam para vir conhecer a Europa”, participando em atividades de verão e jogando basquetebol na época.


No entanto, uma das contrapartidas dos clubes contratarem jogadores estrangeiros é o valor alto que tem de ser investido, que muitas vezes não consegue ser suportado pelos emblemas.


No futuro, Eduardo Cruz acredita que “o basquetebol vai continuar a crescer, porque é uma modalidade que oferece argumentos psicomotores importantes para a formação dos jovens” como saber lidar com a frustração da derrota, o convívio social, a vida em sociedade e comunitária, além de “contrariar a sociedade fechada e individualista, as consolas, a obesidade e a diabetes”.

Atrair mais atletas


Ao JA, o presidente da Associação de Basquetebol do Algarve, Eduardo Cruz refere que estes bons resultados são “o farol que atrai os participantes” para a modalidade e que estes desempenhos “resultam do trabalho feito nos clubes e nas seleções de formação”.


Por outro lado, Eduardo Cruz destaca o “elemento importante do Desporto Escolar no Algarve, que há meia dúzia de anos lidera o número de escolas participantes a nível nacional”, com 42 em 2020.


“É um fenómeno curioso. Significa que há gosto e paixão pelo basquetebol”, acrescenta.


Para o presidente da associação, o Imortal “é um exemplo”, apostando na formação desde o escalão mini com “um trabalho relevante”, que também tem acontecido com o Portimonense “que nos últimos 12 anos recuperou a interrupção do basquetebol”.


Só no ano passado, as equipas algarvias participaram em mais de 1500 jogos de basquetebol, segundo o presidente da associação.


No Algarve existiam, antes do aparecimento da pandemia de covid-19, cerca de 1900 atletas de basquetebol divididos por 13 clubes, que fazem parte dos concelhos de Vila Real de Santo António, Tavira, Olhão, Faro, Loulé, Albufeira, Lagoa, Silves e Portimão.


A modalidade está presente em 9 dos 16 concelhos algarvios, mas para o futuro pretende-se chegar aos restantes, apesar das dificuldades.


“Em Alcoutim e Aljezur, por exemplo, existe um grande índice de envelhecimento da população e uma estrutura demográfica etária não convidativa, apresentando pouco potencial. Por isso é no ensino básico que se tem de apostar, mas não temos recursos para pôr técnicos nestas escolas neste momento, sem a ajuda do Ministério da Educação e outros parceiros”, explica Eduardo Cruz ao JA.


Por outro lado, o presidente da associação considera que o “apoio aos clubes por parte do Estado tem de evoluir de uma forma mais positiva, pois as equipas estão a fazer muitos sacrifícios”.


As autarquias são um dos grandes apoios dos clubes, tornando-se em “parceiros muito empenhados”, principalmente nas deslocações.


Já Humberto Gomes, treinador de basquetebol há 52 anos, salientou ao JA que “há coisas boas e outras desajustadas” no cenário da modalidade no Algarve.


“É uma modalidade coletiva que tem de ter ajustamentos e às vezes não são tão evidentes”, acrescenta.


O também colaborador do JA defende que tem de haver uma maior aposta do basquetebol nas escolas, pois “falta ligação do desporto escolar ao desporto federado”, além de não ser feita uma aposta no aluno e nas instituições de ensino “desde cedo”.


Segundo Humberto Gomes, a zona do barlavento algarvio “tem subido em relação ao sotavento”, pois tem havido “um esforço grande a nível técnico”, apesar das autarquias não estarem “atentas à realidade”.


Humberto Gomes destaca as conquistas do Imortal de Albufeira, considerada como “a capital do basquetebol do Algarve”, que “tem apostado de forma decisiva, com o apoio da Câmara e dos patrocinadores” e que tem tido “resultados espetaculares”.

Apostar no basquetebol de rua


Uma vez que o basquetebol de pavilhão no Algarve está num bom caminho, a associação algarvia pretende agora apostar na modalidade praticada no exterior.


“Queremos criar mais campos na rua com as autarquias. Há projetos a arrancar em Olhão, Portimão, Albufeira e Faro, com o objetivo de criar espaços informais para que várias gerações possam jogar”, refere Eduardo Cruz ao JA.


A Associação de Basquetebol do Algarve tem promovido, ao longo dos anos, outras iniciativas como convívios nacionais de atletas, o envolvimento dos pais e encarregados de educação no desporto e noutras áreas e campanhas de sensibilização ambiental de poupança de água, além da continuação da transmissão em streaming dos jogos.

Gonçalo Dourado

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