O Bloco de Esquerda (BE) do Algarve alertou esta semana para o aumento do trabalho ilegal e clandestino nos setores da hotelaria e restauração da região, após uma reunião com o Sindicato da Hotelaria, anunciou o partido.
A pandemia de covid-19 e a crise económica e social tem vindo a afetar seriamente os dois setores, “continuando o despedimento de trabalhadores a quem vão terminando os contratos a termo”, como os colocados por empresas de trabalho temporário.
“Agrava-se o trabalho em contratos por curtas semanas, ou mesmo o trabalho ilegal e clandestino”, refere o partido, em comunicado, revelando que “é muito difícil” saber o número de trabalhadores que se encontram nestas condições na hotelaria e restauração.
Na reunião, o sindicato defendeu a implementação de medidas fundamentais para proteger os trabalhadores como ” a proibição dos despedimentos para todas empresas que beneficiam das várias modalidades de apoio governamental e a criação de um fundo de apoio excepcional aos trabalhadores e até a empresas, micro e pequenas, que, de facto, enfrentam riscos sérios de falência”.
O sindicato considera ainda como “inaceitável que os grandes grupos, que têm realizado grandes lucros ao longo dos anos, muitos deles que nem beneficiam nada ou quase nada a região, sejam quem abocanha as maiores fatias dos apoios”.
Como exemplos, foram apresentadas várias empresas cujos trabalhadores se encontram com dificuldades. É o caso da empresa Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (Such) e a pastelaria Gardy em Faro, que tem cerca de 14 trabalhadores com salários em atraso “sem saber quando irão receber”.
O Bloco de Esquerda apresentou também a sua proposta para um Plano de Emergência para a região enfrentar a pandemia e a crise, “que se agravou em consequência da pandemia, com nefastos efeitos sobre os trabalhadores e as suas famílias, dado o crescente desemprego, aumento da precariedade laboral, redução ou corte total de salários, atrasos salariais e outros abusos patronais”.
O partido considera ainda “que a situação ainda pode agravar-se, nomeadamente no sector da hotelaria e restauração, logo após o verão, mesmo que nesse período haja algum abrandamento mas insuficiente para a retoma da normalidade turística.
Segundo o sindicato, a grande vaga de despedimentos nestes setores registou-se a partir de março do ano passado, principalmente de pessoas em período experimental, com contratos a termo e outros vínculos precários, além dos trabalhadores migrantes.
“Verificaram-se muitas férias forçadas, aumento da polivalência, reduções e cortes salariais, quer pelas condições do lay-off, quer por imposição patronal. Aumentaram as situações de atraso do pagamento de salários. Muitas unidades hoteleiras encerraram temporariamente, na restauração, muitos cafés e restaurantes deram falência em definitivo”, acrescenta.
O sindicato acusa ainda a ACT por uma ação fiscalizadora “muito deficiente” e que chega a ser necessário, por vezes, “os próprios funcionários terem de adiantar o custo do combustível para poderem sair a executar os serviços”.
A reunião do Bloco de Esquerda do Algarve com o Sindicato da Hotelaria foi encabeçada pelo deputado João Vasconcelos, com a participação do coordenador do sindicato, Tiago Jacinto e outras duas dirigentes, trabalhadoras da Such.