Captagon, a droga dos jiadistas

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Os relatos impressionam: assassinos calmos, que atuam com total frieza, sem sinais físicos de perturbação – seja quando atiram a matar, seja na hora de se fazerem explodir. Assim voltaram a ser descritos os terroristas de Paris, o que, associado à descoberta de várias seringas num quarto de hotel por onde passou um dos atiradores, Salah Abdeslam (o único dos oito atacantes que está vivo), fez aumentar a suspeita de estes homens estarem sob o efeito de Captagon, uma droga que inibe a dor e a sensação de medo.

Mistura de anfetaminas (cloridrato de fenetilina) e cafeína, cada dose não custa mais de 20 euros e o consumo da substância tem aumentado muito na Síria, país que se tornou o seu principal produtor. Usada por soldados e por rebeldes, a droga circula entre os militantes do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) – sendo mesmo conhecida como “a droga dos jiadistas” – e pode ser ingerida por via oral ou intravenosa, método que potencia os seus efeitos.

O Captagon começou por ser produzido nos anos de 1960 no ocidente. Como medicamento de uso geriátrico e pediátrico, tratava a hiperatividade e a depressão, mas foi proibido em 1986 pela Organização Mundial de Saúde, por criar dependência. Passou então a ser preparado clandestinamente e com algumas alterações na sua composição, sendo reforçado o composto afetamínico, com o aumento da dose de cafeína.

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Como droga, tornou-se também muito popular entre os jovens ricos do Golfo, que a faziam circular nas suas festas de anos, recreativamente.

Numa reportagem da “Time” sobre o tema, um psiquiatra libanês explica que a droga tem efeitos estimulantes. “Provoca euforia. Não te deixa dormir, não comes e ficas cheio de energia”. Além disso, a sua produção é simples e barata, exigindo apenas “conhecimentos básicos de química”, pelo que é frequente ser fabricada em meros laboratórios caseiros.

Depois da Síria, outros países conhecidos pelo seu fabrico, segundo a Interpol, são a Bulgária, Sérvia, Montenegro e a Eslovénia, ficando a distribuição a cargo da máfia turca.

Mafalda Ganhão (Rede Expresso)

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