Casas Regionais ganham nova vida e assumem-se pólos de atração

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Legado do Estado Novo, as casas regionais nasceram para ajudar quem deixava a terra natal em busca de uma vida melhor. Hoje, renovam-se e lutam por ser pólos de divulgação turística de cada concelho ou região, apesar das dificuldades financeiras.

Criada por “um grupo de minhotos que viu necessidade de ajudar a sua terra”, a Casa do Minho, com 87 anos, é uma das mais antigas casas regionais em Lisboa.

Em declarações à Agência Lusa, o presidente dos minhotos admite que muita coisa mudou desde 1923 e que “a razão fundamental das casas – o convívio – deixou de existir” e defende, por isso, que as casas regionais têm de ter outro papel.

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“Continuando a trabalhar com as forças vivas da terra, têm de ter um papel de maior proximidade com as pessoas. A cultura tem de ser apoiada e a gastronomia é fundamental”.

Opinião partilhada pelo presidente da Associação das Casas Regionais em Lisboa: as casas “têm de deixar de ser vistas como aqueles indivíduos que vinham da província, bebiam um copo e jogavam à sueca”.

“Terão de ter iniciativas que, cada vez mais, atraiam os jovens e virarem-se para o turismo, para a divulgação cultural e têm de funcionar na capital do país quase como uma delegação turística de cada concelho”, defendeu Joaquim Brito.

O lema de Anselmo Lopes é “unir e servir a comunidade pampilhosense”, mas admite que “é preciso uma atitude mais pró-ativa”.

“Tenho uma fotografia no meu telemóvel de uma paisagem lindíssima, que toda a gente diz que é do Douro e não é, é de Pampilhosa da Serra. Se falarmos de medronho, que as pessoas pensam que é uma aguardente do Algarve, eu diria que se calhar produz-se mais medronho em Pampilhosa do que no Algarve. O turismo tem de ser mais global e a casa de região pode dar essa valência, esse contributo”, defendeu o presidente da Casa de Pampilhosa da Serra.

Pela Casa Regional de Tábua, João Pedro Martins lembra que o objetivo já não é a “comunidade imigrante doméstica”, mas antes tentar ser “o ponto social e económico dos produtos ou das empresas tabuenses que se queiram implementar” em Lisboa.

“As casas regionais fazem sentido do ponto de vista da divulgação dos próprios concelhos em zonas populacionais de grande dimensão como é o caso de Lisboa. Se forem ativas nessa divulgação, seja em termos turísticos ou sociais, com certeza que fazem sentido”, acrescenta o presidente.

Na opinião do presidente da Casa das Beiras, o futuro destas instituições “passa por se adaptarem aos tempos modernos”, mas lembra que isso implica que “haja ajuda de outras pessoas, como do poder político ou do poder autárquico”.

A propósito lembra o projeto para uma nova sede, que dura há 15 anos, e que ainda não se realizou apesar da Câmara de Lisboa já lhes ter cedido um espaço no bairro de Chelas, “o chamado Palácio dos Brasileiros”.

“Temos um projeto e neste momento temos um protocolo assinado, mas não podemos andar com o trabalho para a frente porque estamos num impasse”, reclama Justino Sampaio, acrescentando que na atual sede dão teto a mais 20 associações.

O problema das instalações é de não terem uma sede condigna, um problema comum à maioria das casas com que a Lusa falou.

A Casa Cerveirense, por exemplo, usa o espaço da Casa do Minho e continua à espera que da parte da autarquia lisboeta venha uma resposta, enquanto na Casa Tabuense, o sonho de uma nova sede alimenta a esperança de conseguir cativar mais sócios.

Já os pampilhosenses queriam uma sede que “fosse mais acessível, onde as pessoas se pudessem juntar” e onde pudessem ter “um bom restaurante regional”, aspiração partilhada pela Casa do Minho, que gostava de ter “um restaurante minhoto de nível” e novas instalações para “chamar novas pessoas”.

AL/JA

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