O Presidente da República vai pedir a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado para 2014, mas está completamente fora de causa fazê-lo preventivamente, como pretendia o Partido Socialista. Quem assim pensa é Manuela Ferreira Leite, antiga líder do PSD. E explica porquê.
“Se o Presidente da República pedisse a fiscalização preventiva, isso significaria começar o ano [2014] sem orçamento e é importante que o orçamento comece logo a ser executado em janeiro”, disse Ferreira Leite no habitual comentário de quinta-feira na TVI 24.
“O Presidente da República também não disse que não ia pedir a fiscalização. Vamos ver em o momento em que o faz”, acrescentou a antiga líder dos sociais-democratas, convicta de que Cavaco Silva pedirá ao Tribunal Constitucional para apreciar algumas normas do Orçamento do Estado para o próximo ano.
Para Ferreira Leite, se o orçamento não começasse a ser executado logo no início do ano, quando o programa de ajustamento financeiro estiver concluído, em junho de 2014, Portugal não teria condições para voltar aos mercados o que, ainda assim, só deverá acontecer com a ajuda de um programa cautelar.
“Voltaremos aos mercados com a ajuda do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, mas não do Fundo Monetário Internacional porque vamos precisar de uma ajudinha para nos baixar as taxas de juro”, antecipa a antiga ministra das Finanças de Cavaco Silva.
“Não é normal alguém pensar que não vamos passar por um programa cautelar”, afirma Ferreira Leite e explica porquê recorrendo a uma metáfora: “Se eu tivesse partido as duas pernas e tivesse ficado engessada durante dois anos e meio, não seria possível começar a andar sem precisar de muletas.”
“É claro que vamos precisar de muletas” e “é impensável que o PS não seja envolvido nessa discussão quando chegar o momento”, rematou.
Carlos Abreu (Rede Expresso)