A Gruta do Vale Telheiro, em Loulé, vai tornar-se num local utilizado por cientistas para estudar a biodiversidade subterrânea, responsável pela purificação dos lençóis freáticos, já a partir da próxima sexta-feira, dia 3 de maio.
A bióloga Ana Sofia Reboleira, investigadora responsável, irá coordenar durante três anos o projeto Barrocal, que recebeu um financiamento de, aproximadamente, 163 mil euros, atribuído pelo Prémio Belmiro de Azevedo, Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
O principal desafio será a conservação da Gruta do Vale Telheiro, situada na zona do barrocal (sub-região do Algarve localizada entre a serra e o litoral), recentemente reconhecida como um ponto de acesso mundial de biodiversidade subterrânea.
O objetivo é criar informação útil para a proteção da gruta, bem como um quadro para a sua futura avaliação ecológica, garantindo a sua sustentabilidade. Além disso, está também prevista uma proposta de enquadramento legal para a proteção do habitat e das espécies mais relevantes.
Ana Sofia Reboleira explica que não vai ser possível realizar visitas públicas à gruta porque “a atmosfera é mortal e com uma concentração muito baixa de oxigénio, só podendo deslocar-se ao local pessoas devidamente equipadas”.
A técnica acrescentou que os pequenos animais e organismos presentes, e que se pretende estudar, são “vitais” para a “purificação das grandes reservas de água doce que estão disponíveis para o consumo humano imediato”.
O projeto irá permitir criar a primeira investigação ecológica de longo prazo em grutas da Europa Ocidental, bem como avaliar as necessidades de restauração ecológica em áreas degradadas da gruta e da sua área de influência superficial.
A Universidade Lusófona e a Universidade do Algarve são os parceiros do projeto, com o apoio da Câmara de Loulé e do Centro de Ciência Viva do Algarve.