Julgo estar entre muita gente que gostaria de ver o Algarve a não ser enganado. A não ser enganado com falsas promessas, com engodos, com chá de uva de cão, com o pior da política. Mas segundo parece, a arte de enganar fez, faz e fará carreira e até já se converteu na condição sine qua non do carreirismo que é, como a história comprova, a doença terminal da própria política. E é assim que a “região” por aí segue como cadáver adiado, sem esperança, sem profissão, com o coração numa espécie de corpo alheio, a alma ausente de si própria, deliciada com as coisas mais básicas e rasteiras, comportando-se avessa à lógica do desenvolvimento, à aceitação dos padrões da excelência e regalando-se com o lucro aparente de que não beneficia apesar das comissões que se repartem por entre os profissionais do engano.
O pior dos enganos, o mais nefasto e o maior traidor das boas consciências, é quando se atira areia para os olhos dos que sentem que algo não está a correr bem, pelo que os artistas do pior que a política acarreta e produz, esforçam-se por convencer a maioria de que a areia nos olhos funciona como lente corretora da imagem do Algarve político, imagem que é de facto uma imagem muito má, péssima até. Imagem e realidade – Basta fazer um apanhado dos muitos que em décadas têm vindo a representar a “região” no Parlamento, dos que têm sido apenas procônsules do Estado sem saberem do chão nada regional que pisam, e dos que se apresentam às eleições locais impulsionados por muito lábia e por pouco mais.
Não se resolvem com coragem, prontidão e rapidez os grandes problemas que afetam a região em geral – criam-se cargos difusos e pede-se paciência num futuro promissor, como se o Algarve estivesse confiado à divina providência. Os comboios circulam imundos com paragens no dia de São Nunca à tarde. A saúde prossegue a sua caminhada aos ombros do Dr. Artimanhas. O Ensino, Educação e Cultura dependem do Recreio disponível, já que o Entretenimento está garantido pelas “redes sabidas”. A Participação Cívica depende dos humores de quem atribui subsídios em função de lealdades espúrias.
Com papas e bolos…
Flagrante ciclovia: Essa, a do metro de superfície, apta para bicicletas estacionárias…