Criada em 1835, a CPA completará 180 anos em 2015. As suas infraestruturas representam um investimento de cerca de 11 milhões de euros
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A Companhia de Pescarias do Algarve (CPA) é a mais antiga daquele setor em atividade no país. Com sede em Faro, a CPA foi fundada em 1835 e prepara-se para comemorar o seu 180.º aniversário. É atualmente um dos exemplos de sucesso numa atividade ligada ao mar (neste caso particular a produção de bivalves), um setor considerado como estratégico para o desenvolvimento da região.
A empresa começou por se dedicar ao setor da pesca, principalmente atum. No entanto, modernizou-se e enveredou pela aquacultura “offshore” (em mar aberto), da qual foi pioneira no nosso país, mais propriamente de produção de bivalves, destacando-se o mexilhão, a ostra e a vieira, mas também a amêijoa e o berbigão, estes em menor escala.
A companhia tem uma superficie reservada para a cultura de uma quantidade abundante de mexilhão, em frente à Ilha da Armona, em Olhão. A sua atividade é essencialmente destinada ao mercado português e espanhol. França, Bélgica, Rússia e Médio Oriente são os próximos objetivos.
“O prazo de vida útil do nosso produto é de quatro dias, por isso não podemos exportar para muito mais longe”, explicou recentemente José Ribeiros, diretor comercial da empresa.
Mas a companhia já tem em carteira a possibilidade de exportar para a Russia e para os países do Médio Oriente, neste caso por via aérea. “Em 2015 pretendemos ser o maior operador privado europeu de bivalves”, revelou o diretor comercial da CPA.
E é precisamente para o mexilhão que a CPA avançou com o processo de certificação ambiental pelo MCS (Marine Stewardship Council). Com aquele reconhecimento, a CPA passará a ser a única no mundo com a certificação MSC e todo o seu mexilhão (90% da sua produção total de bivalves) terá direito a ser comercializado com o rótulo ecológico que oferece ao consumidor uma forma de escolher produtos do mar sustentáveis, contribuindo para a saúde dos oceanos.
“A Companhia de Pescarias do Algarve está empenhada no sucesso da certificação MSC. Com esta certificação, a CPA demonstra a sua preocupação com as boas práticas de gestão implementadas, visando minimizar o impacto ambiental e garantir a sustentabilidade da sua actividade”, explicou António Farinha, presidente do Conselho de Administração da CPA.
“Acresce que a certificação MSC, além de garantir a sustentabilidade da espécie, é fundamental para conseguir entrar nos mercados mais exigentes a nível mundial”, sublinhou o mesmo responsável.
Para o próprio MSC, trata-se de uma iniciativa louvável. “É uma excelente notícia para o MSC o facto da primeira pescaria de mexilhão Mytilus galloprovincialis ter entrado na avaliação independente de acordo com o nosso padrão ambiental. Sabemos que há um grande interesse de parte do mercado ibérico e internacional nesta espécie com certificação MSC e desejamos que a Companhia de Pescarias do Algarve finalize este processo com êxito”, referiu Laura Rodríguez, responsável do MSC em Portugal e Espanha.
A avaliação está a ser levada a cabo pelo certificador independente Food Certification. A equipa de auditores avalia a pescaria de acordo com os três princípios do padrão ambiental do MSC: a saúde da unidade populacional dos mexilhões, o impacto da pescaria no ecossistema marinho e a eficácia da gestão da pescaria.
A Companhia das Pescarias do Algarve possui cerca de 55 quilómetros de linhas de produção ao largo da Ilha da Armona e viu todas as suas candidaturas a fundos comunitários serem aprovadas desde 2007. As suas infraestruturas representam um investimento de cerca de 11 milhões de euros.
Além da produção, a empresa possui um centro de expedição e, recentemente, adquiriu em Olhão uma antiga fábrica para a elaboração de patés. Também tem várias embarcações para a captura de conquilha.
Brevemente arrancará a fábrica de aproveitamento de cascas, onde estas serão transformadas em suplementos de cálcio para rações e em produtos para a agricultura (equilíbrio do ph dos terrenos).
O mexilhão
O mexilhão do Mediterrâneo é um molusco bivalve que se caracteriza pelas valvas simétricas de cor negra acastanhada. O mexilhão é um animal filtrador que se alimenta de plâncton e se encontra em estuários e habitats oceânicos. Esta espécie distribui-se pelo Mediterrâneo e Atlântico Nordeste até ao Canal da Mancha. O método de cultivo é o de captura de mexilhões juvenis em bancos naturais, promovendo depois o crescimento dos mesmos num sistema de “longlines”, até que a cultura se torna auto-sustentável e a suspensão dos próprios cabos de cultura favorece a fixação dos mexilhões na zona de cultivo.
