Costeletas que eu conheci: Vivaldo Beldade, um poeta de mérito

Nasceu em Tavira (1923) e, como era o caminho das famílias pobres, após o exame da 4.ª classe, foi trabalhar como aprendiz de barbeiro, na famosa barbearia tavirense, local de tertúlias e «jornal da vida citadina», que era o «Basúrias». Cedo despertou nele a vocação para o teatro, quer escrevendo revistas com sátiras locais, quer encenando as mesmas.

Mais tarde, no final dos anos cinquenta do século passado veio para Faro, exercer o seu mister num dos mais conhecidos elíticos locais algarvios, o Salão Lisboa (Rua Ivens), do sr. Teodoro, frequentado pela gente «mais» da província sulina. Morou primeiro na Rua Baptista Pinto e depois, na Rua Dr. João Lúcio, onde abriu um cabeleireiro de senhoras.

O Vivaldo da Conceição Beldade foi um verdadeiro auto-didacta, procurando enquanto exercia a sua profissão os ensinamentos de poetas, médicos e professores (Arnaldo Vilhena, Emiliano da Costa, Rocha Gomes, etc.), aos quais mostrava os seus poemas e com quem travava valorizadores diálogos.

Em 1970, a quando da criação da Comissão Regional de Turismo do Algarve (CRTA – D.L. 114/70), entrou na função publica, assumindo as funções de fiscal de turismo deste recém- criado organismo, onde esteve até se aposentar. Aos 47 anos de idade assumiu o desafio de voltar aos bancos da Escola. Fê-lo na Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira, onde concluiu os 5 anos do Curso de Administração e Comércio, em regime nocturno.

Entretanto sempre e sempre a poesia a acontecer. Eram os Jogos Florais, onde alcançou destacadas posições, incluindo já depois de falecido a viúva foi, por ele receber o Prémio do concurso promovido pelo INATEL (2001), eram os livros que publicou, com assinalado êxito: «Apenas Eu», «O Algarve é um rosário» e «O meu sol pôr».

Faleceu com 78 anos, vítima de um acidente cardiovascular, ocorrido quando se aprestava para participar num acontecimento cultural, na Biblioteca Municipal António Ramos Rosa, em Faro.

Foi sócio e dirigente de várias associações, entre as quais a Sociedade Recreativa Artística Farense (onde participou em várias peças teatrais, entre as quais «A ceia dos cábulas», do sambrazense José Dias Sancho), da Associação dos Jornalistas e Escritores Algarvios (AJEA) e da Tertúlia Poética «Hélice».

Em 2013 a Câmara Municipal de Faro, presidida pelo eng. José Macário Correia, homenageou Vivaldo Beldade dando o seu nome a uma artéria situada na Zona da Atalaia.

Nota: O autor não escreveu o artigo ao abrigo do novo acordo ortográfico

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