…Não poucas vezes a prática desportiva presenteia-nos com atitudes e comportamentos dignos de serem enaltecidos, pela força que emanam e pela indómita vontade de dizer: presente, contem comigo, estou aqui!
Foi o sucedido com Daniela Serrão, jovem avançada madeirense, de apenas 17 anos – a completar 18 em Junho próximo – que, depois de vencer uma doença oncológica, voltou a jogar em representação da equipa de sub-19, do Marítimo, sendo que nesta última jornada logrou infligir uma goleada (8-0) ao União de Almeirim.
Momento que foi assinalado pelo diretor desportivo dos madeirenses Danny – antigo internacional, que brilhou no futebol russo durante 13 épocas e hoje com 40 anos – que se expressou desta maneira, saudando efusivamente o regresso de Daniela: “A nossa guerreira está de volta aos relvados. És uma inspiração para todos nós”, sublinhou.
A estrutura do clube já havia sido avisada pela atleta do pesadelo que estava a viver: “Há um ano, estava a treinar no campo do 1.º de Maio [no Funchal] e levei uma bolada de uma colega. A minha barriga inchou e descobri que tinha um tumor no ovário. Fui operada e, um ano depois, encontraram outro tumor no outro ovário. Tive de fazer tratamento”, narrou Daniela, salientando, a propósito: “No início rejeitei muito o problema, mas tive apoio dos meus pais, da minha equipa técnica e restantes jogadoras. Os tratamentos foram difíceis e também foi difícil querer jogar futebol e saber que tinha de esperar dias e meses para voltar. O que me animava era saber que a equipa estava à minha espera”.
E tão à espera estava que foi para vencer…
Enquanto fenómeno cultural de grande impacto e magia o desporto, e o futebol em particular, talvez que nem tudo seja história, nem processo, mas quando nos movimentamos, movimentamos certamente mais do que a nós mesmos, que o mesmo corresponderá a dizer que movimentamos também o tempo em que vivemos e somos.
Aconteceu com Daniela Serrão ‘viveu’ o que viveu…e soube ser o que é…uma guerreira!
*“Embaixador para a Ética no Desporto”
