A terceira fase de escavações arqueológicas realizadas na fortificação romana do Cerro do Castelinho dos Mouros, concelho de Alcoutim, trouxeram à luz do dia uma muralha exterior, cujo perímetro atinge os 400 metros quadrados e inclui a área ocupada pelo edifício central de dois andares, cujos muros se conservam até aos três metros de altura e um metro de largura.
Recorde-se que a segunda campanha de escavações tinha posto a descoberto áreas que indicavam a antiguidade e monumentalidade do local. A terceira campanha, que acaba de terminar, veio “expôr a grandiosidade do edifício em causa”, explica fonte da Câmara Municipal de Alcoutim, entidade responsável pelos trabalhos em parceria com as universidades de Innsbruck (Aústria) e de Frankfurt (Alemanha).
“O acesso à fortificação era feito pela zona sul do edifício, onde aí se preserva uma escada, com alguns degraus diretamente talhados na rocha. Nesta mesma zona, as escavações deixaram perceber muros correspondentes a construções exteriores à muralha”, revelam os responsáveis da autarquia alcouteneja.
“Os objetos encontrados no interior dos compartimentos revelam, cada vez com mais certezas, que a sua origem poderá ascender ao final do século II antes de Cristo, correspondente ao período republicano romano”, explica Alexandra Gradim, arqueóloga da Câmara Municipal de Alcoutim.
“O espólio detetado durante este último ano, recipientes cerâmicos, enquadra-se cada vez mais na primeira metade do século I antes Cristo”, refere a arqueóloga, acrescentando que “alguns fragmentos de ânforas vinárias, importadas de Itália, e a presença de cerâmica campaniense, poderão estender a baliza cronológica até meados da segunda metade do século II.
Este tipo de edifício, com características fortificadas e de época republicana romana, podem assumir diferentes designações na Península Ibérica, entre as quais a de “Castella”. Os dados até agora divulgados, permitem apontar o “Castella” de Alcoutim como o mais antigo de Portugal.
As escavação no Cerro do Castelinho dos Mouros tinham começado no verão de 2008 e o trabalho tem contado com a colaboração de jovens voluntários do concelho de Alcoutim e voluntários da Associação de Arqueólogos do Algarve.
