Vamos simplificar. O geocaching é uma caça ao tesouro dos tempos modernos, jogado ao ar-livre no mundo inteiro através de recetores de GPS. A ideia base do jogo é dirigir-se até umas coordenadas específicas e encontrar a geocache (recipiente) escondida nesse local. O Algarve não é exceção e muitos são já os amantes desta modalidade que nasceu graças a Dave Ulmer, no início do século XXI nos Estados Unidos da América.
Se gosta de desafios e aventuras que aliem a atividade física ao contacto com a natureza, o sentimento de pertença a uma comunidade de curiosos e a troca de objetos simbólicos, então está mais perto de se tornar num geocacher (nome que se dá ao “praticante” de geocaching).
Para começar a encontrar as ‘caches’ basta pegar no seu telemóvel ou GPS, criar uma conta gratuita na app Geocaching e começar a explorar o que há à sua volta.
Guia para encontrar uma geocache
Encontrar caches é simples. Basta escolher o geocache que deseja encontrar e navegar até à sua localização. O que quer vai encontrar varia (muito). As caches aparecem em diferentes tamanhos, formas e em diferentes graus de dificuldade e até de criatividade. Nem sempre será fácil, daí o entusiasmo dos membros da comunidade quando encontram algo.
Depois de as encontrar, assine o livro de registos, troque bugigangas (se quiser) e registe a sua descoberta online (na web ou na app). Quando terminar, basta colocar a cache de volta onde o encontrou e começar a aventura à procura do próximo objeto. Simples, não é? Tenha sempre em mente os princípios base do geocaching: navegar, procurar, assinar o livro de registos (leve sempre uma caneta consigo), fazer trocar, recolocar e registar a sua vitória.
A app dir-lhe-á como chegar, mas o percurso a percorrer depende sempre de si. Quando o telemóvel disser que está a cerca de 20 ou 30 passos do objeto, largue-o e comece a procurar com os olhos e com as mão. Esteja atento, nem sempre é fácil.
As geocaches nunca estão enterradas, mas nem sempre estão no chão. Podem estar escondidas nas árvores, coladas a objetos de metal com íman, escondidas entre arbustos ou em locais onde terá dúvidas se deve colocar lá as mãos.
Por vezes, será só pensar “se escondesse uma geocache neste sítio, onde o colocaria?”. Se estiver com dificuldades, verifique a atividade recente na app e a dica para ter uma ajuda extra.
Quando encontrar uma geocache pode fazer trocas (uma das partes engraçadas da “modalidades”). Leve algum item e deixe outro. Se esse item tiver um código, então é um ‘trackable’ – peças físicas que se movem de geocache para geocache. Existem vários tipos de ‘trackables’ (geocoins, tags, t-shirts e muito mais).
Passatempo para todas as idades
“Deram-me a conhecer o Geocaching como uma alternativa a umas necessidades minhas e do meu filho para sairmos de casa e de ter um passatempo diferente”, começa por contar ao JA Celestino Martins, de 68 anos.
Um dia teve a ideia de “pôr uma cache e queria ser diferente”, inspirando-se na sua passagem pelos escuteiros de Olhão durante a sua juventude.
“Conhecia umas grutas no Serro da Cabeça, mas queria uma coisa que mesmo sendo necessário equipamento para descer, também fosse acessível a miúdos, porque aquilo é muito divertido. Coloquei a cache naquela gruta, chamada de Abismo, que comecei a investigar e descobri que havia registos literários e uma lenda de um mouro que lá tinha desaparecido. Teve bons resultados e é neste momento, no concelho de Olhão, uma das caches favoritas”, conta sobre a cache “Mouro e o Abismo”, criada há 10 anos.
Na região destaca uma das caches favoritas dos jogadores, localizada em Sagres, admirada “apenas pela paisagem”, além de outra na Estrada Nacional 2, em Faro, que “é recente e extremamente interessante pela sua criatividade”.
Ao longo destes anos já registou mais de 16 mil caches e considera este passatempo como “um anti stress”.
Potencial turístico e na promoção da saúde
“Muitos geocachers ainda não se aperceberam do elevado potencial que esta atividade tem para a promoção da saúde, quer física quer mental. Paralelamente a isso, tem um potencial turístico enorme. Tenho várias caches em Olhão e durante todo o ano temos geocachers estrangeiros a visitar o concelho por causa do Geocaching”, refere.
Enquanto a nível nacional há um decréscimo na participação, a mesma tem evoluído no Algarve nos últimos anos.
“O Geocaching, dentro dos seus potenciais e das suas variáveis tem algumas coisas muito interessantes que é desde o facto de ser possível fazer sozinho, com um grupo, com a família e até com pessoas de qualquer idade. É transversal em termos de género e de idade. Tudo isto transforma o Geocaching numa atividade muito aberta e muito acessível a qualquer pessoa. Não sou obrigado a fazer todos os dias e tem outra grande vertente além da capacidade turística. Temos de caminhar, temos contacto com a natureza, obriga-nos a pensar, a decifrar enigmas e a fazer contas. Tudo aquilo que se possa ligar ao desporto, cultura e turismo encontramos nesta atividade”, acrescenta.
Há cerca de quatro anos decidiu abrir uma associação, intitulada Pictures que Weekend e tem organizado vários eventos a nível regional, com a participação de centenas de pessoas. Para o próximo ano já está a ser preparado um Mega Evento de Geocaching no Algarve.
Gonçalo Dourado/Joana Pinheiro Rodrigues