Destroços falsos do avião desaparecido são “ilhas de lixo”

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As buscas pelo avião da Malaysia Airlines foram intensificadas ao longo dos últimos dias. A área de pesquisa foi reduzida e agora está centrada no Oeste da Austrália. Durante o processo, têm sido encontrados objetos e detritos, mas nenhum pertencente ao avião desaparecido. Ou seja, trata-se de “lixo marinho”.

“É um problema global em crescimento e uma ameaça direta para o meio marinho, que atraiu a atenção do mundo especialmente, após a descoberta da grande ‘ilha de lixo’ no Giro do Pacífico Norte”, conta Isabel Palma Raposo, investigadora da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Um giro oceânico é um grande sistema de correntes rotativas que se formam em zonas de convergências de correntes marinhas. A ‘ilha de lixo’ – ou ‘sopa de plástico’ – foi descoberta em 1997, quando a regata do capitão Charles J. Moore encalhou numa ‘ilha’ à deriva no oceano Pacífico.

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Segundo Isabel Palma Raposo, “esta sopa de plástico é constituída essencialmente por pequenos fragmentos de plástico que resultam da degradação de objetos maiores, que se encontram em concentrações impressionantes em comparação com o plâncton (organismos microscópicos que são a base da cadeia alimentar marinha)”.

O lixo marinho é constituído por uma grande diversidade de materiais que se degradam lentamente, o que torna a situação “cada vez mais grave”. Cerca de 70% de todo o lixo marinho é constituído por plásticos e os restantes 30% correspondem a outros materiais, como vidro, papel, metal, têxteis entre outros.

Há diversas estimativas sobre o seu tamanho – há cientistas que lhe chamam o sétimo continente, tal é o tamanho desta mancha flutuante de lixo com três vezes a dimensão da Península Ibérica. Já foram encontradas ilhas de lixo em todos os giros do oceano, com dimensões variáveis.

De acordo com as Nações Unidas, cerca de 80% de todo o lixo que se encontra no mar teve origem em terra. É proveniente de despejos realizados por países à “beira-mar plantados” e 20% resultante de embarcações marítimas, plataformas de exploração de petróleo e gás natural e aquacultura.

De acordo com Isabel Palma Raposo, “as principais soluções ou medidas a tomar assentam essencialmente no princípio de prevenção”. “É muito importante sensibilizar e corresponsabilizar”, acrescenta.

“Os resíduos marinhos são um problema complexo, onde as responsabilidades são pouco claras e os seus custos divididos de forma desigual. Por ser um problema global e sem fronteiras, as soluções devem envolver parcerias internacionais, mas com o desenvolvimento de ações a nível nacional e local”, diz.

“A limpeza de oceanos é algo muito dispendioso, pois são necessários vários recursos. Os oceanos são sistemas dinâmicos – as zonas de convergência de lixo não permanecem inalteráveis. A remoção de lixo do oceano iria ter um impacto muito significativo na vida marinha existente no local e a solução poderia ser tão ou mais prejudicial que o problema”, conclui a investigadora.

RE

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