REMATE CERTEIRO: Gestão das praias

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Já lemos e ouvimos tanta coisa sobre a época balnear que se aproxima, desta vez claramente de forma atípica, e os possíveis modelos de frequência das praias e estamos a referenciar o Algarve, que não exageraremos na afirmação, de que oxalá, não possamos cair na tentação, de se poder vir a abrir um grave e irreversível procedente.


Os comentários que lemos e ouvimos, são retratos ou imagens que constantemente aparecem e também começam a servir, para alimentar e cristalizar o boato, como se não houvesse dia seguinte, situação que julgávamos que a pandemia pudesse aligeirar, pois este não o tempo de contarmos espingardas, mesmo que não tenham balas.


Nos últimos anos, a nível da região, as mudanças foram muito profundas, no que diz respeito ao turismo, à sua gestão, à filosofia e dinâmica dos operadores turísticos, tudo isso, porque, ao contrário do que então acontecia, as guerras, sim as guerras que se viviam com autenticidade, entre o saudoso Cabrita Neto, por exemplo, como presidente da AHISA e as respostas, de igual modo, de pistola fora do coldre, de Elidérico Viegas, presidente da AIHSA, faziam mossa, mas despertavam novas consciências na defesa e na projecção do Algarve e do seu turismo.

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E neste vaivém da história, sem que o espaço nos permita agrafar todos os nomes, deixamos aqui, sem omissões, apenas falta de espaço, alguns dos muitos nomes, em diferentes áreas, que foram mastigando dissabores, mas outros grandes momentos, sempre na defesa do Algarve, das suas praias e do seu turismo.


Carlos Luís, Eduardo Valagão, Ilídio Raio, Paquito Palma, Fernando Barata, Carlos Beja, Epifânio Correia, Carlos Tuta, Joaquim Vairinhos, Fialho Anastácio, Alfredo Graça, João Bonança, Rui Rebocho, José Abreu (Hotel Algarve), Fernando Almeida (Hotel Dona Filipe), Rui Almeida (Alvôr) João Manuel Mascarenhas (Balaia), Helder Pires (Vila Lara), Marques Ferreira, Adriano Bento (Penina) Leiria e Borges, Amadeu Chaves, Fernanda Beatriz, José Manuel Esteves, Jorge Abreu, Simões de Almeida, Manuel Fernandes, José Francês, José Coelho, Manuel da Silva, Tony Barnabé, Nogueira de Sousa, Carlos Cruzinha, José Veiguinha, Luciano Seromenho, José Aleixo, João Vieira, Valter Contreiras, Filipe Madeira, Baptista Coelho, Tomás Ribas, Alberto Strazzera, entre muitos e muitos outros.


Era uma geração tremenda, de capacidade de intervenção, na realização de congressos e outros espaços de debate, que começassem por abrir gretas, para as grandes portas que o Algarve precisava, sem que muito pouco ficasse na gaveta, porque o algarve era o epicentro das decisões.


Depois, uma punhada de gente da imprensa, (aqui também não cabem todos por falta de espaço),nada acomodada, e por vezes recoltada com o caminho das coisas, que procurava, com honestidade e credibilidade, funcionar como a voz do Algarve e dos seus anseios: Carlos Albino, João Leal, Marcelino Viegas, Artur Linhe, Gentil Marques, Hélder Nunes, Fernando Reis, Ramiro Santos, Carlos Cardoso, Viegas Gomes, Encarnação Viegas, Manuel Luís, Padre Carlos Patrício, José Mealha, Lopes Martins, Ofir Chagas, José Manuel Pereira, José Cruz, João Prudêncio, António Rosa Mendes, Luís Forra, Alfredo Machado, eu sei lá, uma enorme montanha de gente, aos quais se junta depois, entre outros, Armando Alves, saído da incubadora da geração a seguir.


Portanto, estamos a falar sobre um leque enormíssimo de pessoas, que poderiam não ter canudos, e outros reconhecidos, de curso superior, mas tinham a competência, repito, a competência e o amor pelo Algarve. Competências, que hoje vai faltando, em abono das militâncias, das outras paixões.
Nos tempos, que correm e nas decisões que aí vêm, é preciso que na gestão das praias, sejam ouvidas a AMAL e as Câmara Municipais, porque podem estar em causa as liberdades, o turismo e a restauração.


Hoje em dia o drama por que passa o Algarve é não ser ouvido ou raro escutado.
Tive que ir ao google, nesta altura para me inteirar do nome do Secretário de Estado do Turismo, pese bem, as áreas da economia e das finanças, e claro da saúde, ocuparem na actualidade um espaço, que pouca franja deixa aos responsáveis pelo turismo.


De igual modo, apesar da grande ressonância que têm tido os responsáveis pelo turismo algarvio em relação ao momento que se vive, o Algarve, também conta com a presença permanente na Região, de José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, mas como coordenador da Pandemia na Região, e da relação deste com os Presidente de Câmara e simultaneamente com António Pina, presidente da AMAL, para de uma forma muito directa perceber melhor sobre as dores e outros sofrimentos de que padece o Algarve.


Por outro lado, também em relação ao turismo, é importante e decisiva a sensibilidade do Presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, da AHETA, Elidérico Viegas e da AIHSA, Daniel do Adro, e outros de parceiros, sobretudo, operadores turísticos, sobre os solavancos que a região tem que sofrer positivamente, para salvar a época e repensar o futuro, quando em Outubro de 2019, «todas as atenções estavam voltadas para os efeitos do Brexit», como declarou João Fernandes, ao Jornal do Algarve, numa altura em que o Golfe era visto como um «mega jackpot» de 500 milhões ano.


O momento não é fácil, antes obriga a rigorosa e bem delineada logística, desde o controlo de pessoas, sem ferir, nem por sonhos, a liberdade de circulação, até à cabal resposta que o sector da saúde no Algarve seja capaz de responder, pois, até agora, muito são os casos que têm que ser transportados para Lisboa.


É preciso, que todos os intervenientes na área do turismo e da saúde, tenham feito os testes, o que até agora não é bem assim, sem contarmos com a rotura, a sangria que o Algarve costuma sentir nos períodos de verão, também no lógico aumento da sinistralidade rodoviária.


Temos que ter uma enorme consciência de intervenção e de competências, sem medo dos obstáculos que possam surgir, mas na transmissão de uma grande segurança às populações, que aqui vivem, que aqui trabalham, que também têm direito ao verão, e todos os que nos visitam.


Esperamos, que essa consciência, não confunda o copo meio cheio com o copo meio vazio, e que não criemos um clima de instabilidade, inclusive de certo amordaçar, de uns e a liberdade de outros.

Praia de Quarteira em 1932


O verão vai ser o maior desafio de António Costa, que tem sido extraordinário, vai enfrentar, e isso não belisca nenhum dos outros membros do governo, lembrando, que eu, que me julgo um velho mais ou menos informado, nem sabia quem era o Secretário de Estado do Turismo.


Um desafio, onde acreditamos, que não irão sobreviver oposições agrestes, género falar por falar, como se o Algarve estivesse abandonado.


Um desafio, onde todas as cordas vão esticar, por forma a evitar-se que as praias de transformem, num labirinto rodeado de marcas por todos os lados, onde o distanciamento social seja uma palavra vã, e que num repente, naquela que é a maior táctica do futebol, quando temos que ganhar por 1-0 ou empatar, o treinador nos grita: TUDO AO MOLHO E FÉ EM DEUS. Sim, precisamos de ter fé no Doce Rabi da Galileia, que de um pão fazia muitos, mas se não o ajudarmos, não haverá pão para ninguém…


Não tínhamos dúvidas, sem receios, os autarcas algarvios, os deputados algarvios, os membros do governo algarvios, incluindo o Ministro das Finanças, além do que pode projectar o Ministério da Saúde, estão todos acorrentados ao sucesso da época balnear.


Foram consideradas, em momentos anteriores, uma articulação com o governo, as posições da autoridade nacional de saúde e ouvido também o conselho de Estado.


Acontece que no caso concreto, é preciso, reorganizar uma articulação muito igual, por não estar apenas em causa a economia do País, neste caso a do algarve, a sofrer o maior retrocesso da sua história, por aforma a que as competência não sejam postas em causa e os utentes das praias, residentes no algarve, ou visitantes, designados como turistas ou não, não se atropelem uns aos outros.


Vão ser dois ou três meses, de um pulsar estranho, incomodo, que pode originar conflitos, instabilidade social, por várias franjas. Restauração, Bares, Hotéis, pequenas pensões, que vivem abaixo de uma mera fragilidade económica, que também sabem, que tudo o que vem à rede é peixe, não podendo escolher os clientes, nem os afastar, se tornando por isso inevitável a presença massiva da ASAE.


É preciso que não percamos de vista, a autoridade, a liberdade, os direitos consignados na constituição, criando e fomentando com todo o rigor e tempo, as medidas de prevenção, no combate à pandemia, para que não se volte, o feitiço contra o feiticeiro…


Combate à propagação, relações e controlo da fronteira, proibição total de frequência de piscinas públicas ou pertenças de condomínios, e o não erguer barreiras físicas ou humanas à tradicional corrida livre de milhares e milhares de portugueses, que vindo das várias partes de Portugal, aqui se concentram, para passar as suas férias ou visita de um familiar…


Mas em momento algum se poderá por em casa a liberdade, sendo crucial e determinante, estabelecer regras do funcionamento e consequente acesso às praias, que não sejam regras tipo moda, só hoje e amanhã depois se vê, portanto apenas no primeiro dia, pois sem distanciamento social, mas também sem a perda das liberdades, acabamos por criar a ilusão de um tornado, de consequências imprevisíveis, porque nunca enfrentámos nenhuma pandemia, com o turismo algarvio e todos os seus sectores, abaixo do vermelho…


Não se trata do florescer de elites, antes de explicar, mesmo perante a dor que a pandemia a todos vai causando, que não se pode ferir de morte, a vida económica do país, de milhares e milhares de proprietários do sector da hotelaria e outras formas de alojamentos, assim como restauração, bares, discotecas e outros lugares de animação nocturna, que vão ter que entrar nas regras, mas evitando também que existam os fura vidas, acabando por condenar todo o sector.


Tem que haver uma intervenção fortemente pedagógica por parte das autoridades, tanto da GNR, como da PSP, mas também, e aqui tudo terá que fiar mais fino, por parte da autoridade marítima, que vão ter que ser os «soldados da fortuna»…


Os concessionários das praias, tem que ser firmes nas suas acções, mas todos os dias, dotando os lugares de higienização, espreguiçadeiras, cadeiras, colchões, limpos, com cuidados redobrados, mas cuidado com os preços, pois às vezes o dinheiro não é tudo, e que digam os americanos, que vão à lua, e não tem um funil para a malta respirar.


E é aqui, que também as forças fiscalizadoras têm que agir com pinça e bisturi, mas sem perder a esferográfica e o bloco de notas…

Casino de Monte Gordo, anos 50


Se olharmos aos números, talvez da última década do turismo algarvio, ainda sem grande rigor, hotéis, golfe etc., estamos perante valores de grande monta, fruto também da enorme e consensual montra nacional e internacional, em que o Algarve se tornou.


Acreditamos, que sem receios das questões partidárias ou ideológicas, pois os políticos algarvios, deste ou daquele partido, em muitos momentos, já deram respostas e tiveram acções de grande maturidade, e o momento actual exige isso mesmo, por um lado para não se andar a discutir o sexo dos anjos, apregoando a uma só voz, recolhendo aconselhamento a partir dos autarcas e também, AMAL, cujas experiências no terreno, nomeadamente os autarcas e a AMAL, por forma a que no conjunto de todas as acções, possamos tornar as praias algarvias, como o grande palco de acolhimentos e abertura de esplanadas.


Mas atenção, que existe outro sector, por todos os concelhos do Algarve, que não podem ser feridos de morte, e aqui terá que existir a melhor gestão, e nos referimos por exemplo a feirantes, vendedores ambulantes, fritos, cachorros, pão com chouriço, etc., etc., e que agora correm o risco de ficarem com o futuro calcinado.


É preciso acautelar todos esses negócios, pois qualquer paralisia, será o fim destas pessoas, destes pequenos negócios, lembrando, que aqui no mais pequeno riscar de um fósforo pode acontecer o pior.


Organizar o verão algarvio com competência e responsabilidade, mas não perder o rigor das liberdades, por forma, a que, se evitem as ondas de assaltos, os roubos por esticão ou outros, que nestes períodos são tão frequentes, tornando ainda o país, mais frágil, quando já devido à pandemia, está de pernas para o ar, podendo um repente ficar tudo a andar as cambalhotas.


Mas voltemos às praias e às suas hipóteses de funcionamento, porque agora ainda está a ficar tudo muito sossegado.


E como é eu vai ser?, Quem controla?, Que higiene?, Qual o papel dos concessionários?, A que horas abre?, Quem é que abre?, E o que fazer às piscinas dos condomínios?, E quem é o porteiro?, E a entrada será por ordem alfabética? Coitada das Zulmiras e dos Xavieres… E as sombrinhas serão mais baratas e o preço inclui máscara?


E os nadadores salvadores? Só salvam gente?, E os lava pés?, E as esplanadas?, E o acesso à praia para deficientes?, E as bolas de Berlim, serão com creme ou sem creme?


E serão pagas a dinheiro ou com multibanco?
Boas praias, mas cuidado, pensem neste País de liberdades para todos, para que o pessoal não se CHATEI…

Neto Gomes

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