E se a terra tremer no Algarve, sabe o que fazer?

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Os especialistas avisam que podemos ter sismos muito destruidores, mas o facto de haver espaços muito grandes entre eles faz com que as pessoas se esqueçam rapidamente dos riscos

Com 1755 gravado na memória, os algarvios já se habituaram ao fantasma de um sismo de grande magnitude. A proteção civil de Albufeira não descuida a ameaça e tem procurado soluções que ajudem a cidade a viver com o risco. Entre as mais recentes está a Feira de Proteção Civil, que permite dotar a população de conhecimentos no âmbito dos riscos e medidas de autoproteção

 

Há pouco mais de um mês, um grupo de investigadores da Universidade de Évora delineou um mapa que dá conta das zonas do país com maior risco sísmico, atendendo aos grandes terramotos que ocorreram no passado, desde 1300 até aos nossos dias. Essas áreas correspondem “à região do Vale inferior do Tejo, a toda a orla do sudoeste português e ao Algarve”.

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As áreas de maior concentração demográfica coincidem, assim, com as zonas com intensidades sísmicas observadas mais elevadas, situação que, alertam os investigadores, “conjugada com a inadequada capacidade de grande parte do nosso edificado resistir satisfatoriamente a fortes solicitações sísmicas”, coloca “uma parte importante da população portuguesa numa situação de risco sísmico considerável”.

Assim – e uma vez que continua a ser impossível prever um sismo a curto prazo, isto é, com a antecedência de horas ou semanas –, a prevenção é, para os investigadores, a grande aposta e também uma lacuna.

Este mapa vem confirmar o resultado do estudo do risco sísmico da região do Algarve, que dá conta de milhares de mortos e desalojados no litoral algarvio em caso da ocorrência de um grande abalo.

Aliás, o território algarvio já foi abalado por grandes sismos ao longo da história: o de 1755 ficou registado como um dos mais destrutivos de sempre.

E há oito anos a terra da região tremeu durante oito longos segundos, no que foi sobretudo um susto: o sismo, de magnitude 6,0 na escala de Richter, teve o seu epicentro ao largo do Cabo de São Vicente e a uma profundidade de cerca de 30 quilómetros. Abalos que servem como aviso, para recordar que o Algarve está numa zona de risco sísmico moderado. E ninguém pode garantir que um terramoto como o do século XVIII não se repita amanhã…!

População esquece importância do risco sísmico

No entanto, ao contrário do que tem acontecido em países como Itália, Portugal não tem sido afetado por sismos devastadores. O último grande terramoto aconteceu a de 28 de fevereiro de 1969, tendo tido magnitude de 7,9 na escala de Richter, com o epicentro localizado a cerca de 200 quilómetros a sudoeste de Sagres. Provocou 13 vítimas mortais em Portugal Continental.

Os especialistas avisam, assim, que podemos ter sismos muito destruidores como o de 1755, mas o facto de haver espaços muito grandes entre eles faz com que as pessoas se esqueçam rapidamente da importância do risco sísmico.

É nesse sentido que se realiza há três anos, em Albufeira, a Feira de Proteção Civil, que este ano decorre entre os próximos dias 28 de março e 1 de abril, sob o lema “Juntos para a Redução de Catástrofes”.

A feira, que tem lugar no Espaço Multiusos de Albufeira e noutros locais do município, promove várias iniciativas de prevenção, que passam por simulações, ações de sensibilização e informação junto da população, sendo ainda uma oportunidade para o cidadão conhecer mecanismos e entidades que operam em situação de risco.

No fundo, a ideia é que todos os agentes da proteção civil e a população estejam melhor preparados para prevenir e responder a catástrofes de modo eficiente.

Albufeira testa reação a um sismo

No âmbito desta feira, será simulado um sismo, para apresentar e demonstrar à população os meios de proteção civil.

Do programa consta ainda, no dia 28 de março, uma ação de sensibilização para o risco sísmico, a ter lugar no auditório municipal, entre as 10h00 e as 12h00, dirigida aos funcionários do município de Albufeira. À noite, com entrada livre e no mesmo local, quando forem 21h00, será exibido o filme “O Impossível”. A projeção deste filme será antecipada por uma palestra a cargo de João Estêvão (Universidade do Algarve) intitulada “O risco sísmico em Albufeira”.

No dia 29, terá lugar às 10h30 uma ação de sensibilização no auditório da Escola Básica e Secundária de Albufeira, sobre “Cidadania marítima”, pela autoridade marítima, e às 16h00, no edifício dos paços do concelho, vai ter lugar um exercício de evacuação, simulando um “caso de sismo”.

No dia 30 de março, às 10h00, terá lugar a abertura oficial da III Feira de Proteção Civil de Albufeira, no Espaço Multiusos de Albufeira, a qual se prolongará até ao dia 1 de abril. O horário desta feira será entre as 10h00 e as 19h30 e tem entrada livre.

“Com esta iniciativa, pretende-se proporcionar o conhecimento da missão, meios e recursos das entidades envolvidas na área da proteção civil, possibilitando o contacto direto e a interação com a população. Simultaneamente, procura dotar a população de conhecimentos no âmbito dos riscos e medidas de autoproteção”, realça a organização.

(NOTÍCIA PUBLICADA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – DIA 9 DE MARÇO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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