O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aproveitou o seu penúltimo discurso do Estado da União, na noite de terça-feira (madrugada em Lisboa), para anunciar que, após anos de guerras e de crise económica, “a América está pronta para virar a página”.
Baseado-se nos recentes sucessos da sua administração, como a sólida queda da taxa de desemprego e diminuição da dependência do petróleo oriundo do Médio Oriente, Obama reafirmou que “a sombra da crise passou e o Estado da União é forte”.
“Foi dos discursos mais optimistas de sempre”, afirma ao Expresso Stuart Stevens, um ex-conselheiro de Mitt Romney, o rival de Obama nas últimas presidenciais.
O Presidente recordou que “muitos disseram que não conseguiríamos”, mas que, mesmo assim, o país atingiu os maiores índices de crescimento económico da última década. “Ao mesmo tempo, assistimos à duplicação do valor do mercado bolsista e cortámos no despesismo de vários sectores do estado, como o da Saúde. São boas notícias, pessoal”, exultou.
Agora que a América se prepara para virar a página, Obama explicou que é altura de “pensar no país que queremos ser”. Como tal, apelou ao Congresso de maioria republicana que o ajude a “combater a desigualdade” e a manter uma “liderança sábia” da comunidade internacional.
No capítulo do combate à desigualdade, o líder norte-americano defendeu um pacote de benefícios fiscais para a classe média e o aumento do ordenado mínimo. Este incremento da despesa será compensado pela subida de impostos para as famílias com rendimentos anuais superiores a meio milhão de dólares anuais (433 mil euros), assim como por uma reforma do sistema fiscal.
“Há duas certezas sobre a governação Obama: dívida e impostos. Por isso, não estamos surpreendidos com a introdução de mais um aumento de taxas”, confessou ao Expresso Alice Stewart, assessora de Mike Huckabee, provável candidato presidencial pelos republicanos.
Nem Marte escapou ao otimismo de Obama
Após a apresentação das primeiras ideias, o discurso do Estado da União voltou ao tom optimista, com Obama a lembrar que os EUA criaram mais emprego nos últimos seis anos do que todos os países desenvolvidos combinados.
Embalado, o chefe de Estado falou do renascimento do programa espacial americano, que culminará com o envio de uma missão tripulada para Marte.
A segunda parte do discurso desceu à terra e tocou nos assuntos internacionais. Da urgência de uma nova resolução do Congresso que autorize o uso de força militar contra o Estado Islâmico, à necessidade de passos firmes em direção ao fim do embargo a Cuba. “Quando continuamos a insistir em algo que não funcionou durante 50 anos é tempo de mudar. O Congresso deve começar a trabalhar no fim do embargo”, pediu Obama.
Seguiram-se críticas à intervenção militar russa na Ucrânia, votos de esperança num acordo sobre o programa nuclear do Irão e o compromisso de um “debate sério” sobre o problema das alterações climáticas.
Por fim, o Presidente americano recordou uma promessa antiga: “Não faz sentido continuarmos a gastar três milhões de dólares (2,5 milhões de euros) por preso numa prisão que o mundo condena e que serve na prática como ferramenta de recrutamento. É tempo de fechar Guantánamo”.
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