…Foi assim que se expressou Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, a propósito do falecimento de Artur Jorge, primeiro treinador português a conquistar a Taça dos Campeões Europeus, em 1987, pelo FC Porto.
Faz hoje precisamente uma semana que nos deixou uma das personalidades mais respeitadas e consensuais do futebol nacional. Presente no velório, o líder dos dragões Pinto da Costa, visivelmente emocionado expressou-se desta maneira: “Vivemos momentos de grande glória no clube e, portanto, é uma perda terrível e uma saudade enorme”. Acompanhado de Vítor Baía, que destacou a dimensão humana de Artur Jorge: “Imaginem a pressão que não era para um miúdo de 18 aninhos [já titular da baliza] e o à vontade com que ele me deixou e tranquilizou. Mesmo que acontecesse alguma coisa menos boa, no jogo seguinte voltaria a estar lá. Isso deu-me muita força. Era um pai, acima de tudo”. Afinal, o reconhecimento do mestre.
Muitos notáveis compareceram neste último adeus a Artur Jorge, futebolista e treinador que se notabilizou por Benfica e Académica (como jogador), FC Porto e Selação Nacional (enquanto treinador), casos de Fernando Gomes, presidente da FPF, Humberto Coelho, ‘vice’ e ex.colega do falecido, Rui Costa, presidente do Benfica, José Couceiro, José Mourinho, Norton de Matos, Shéu e também Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, o que diz bem do consenso que a sua postura gerou no universo futebolístico nacional, ao ponto de ser condecorado, em 1989, pelo Presidente da República, Mário Soares, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem de Mérito.
Reconhecido por muitos com o seu estilo inconfundível, um pouco à distância, culto e com a postura de quem, vivendo neste mundo competitivo, se elevava para o observarmos, por via disso, como pertencente a um patamar superior.
Artur Jorge, que tirou o curso de treinador em Leipzig, na então República Democrática Alemã, manifestava interesses pessoais que iam da pintura à poesia, com apreço pelas ‘coisas’ que envolviam arte. Arte, como a música jazz e/ou clássica, com a qual, retirando o som da ‘caixa mágica, acompanhava e assistia às transmissões televisivas.
Em homenagem e em sua memória, a Liga Portugal e Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) irão dar o seu nome ao prémio de ‘Melhor Treinador de 2023/24, atribuído por treinadores e capitães das Ligas Profissionais.
Na oportunidade, Pedro Proença, presidente Liga, comentou: “Artur Jorge é um nome incontornável.O seu desaparecimento é uma perda para todos os que amam o futebol e a Liga Profissional e a ANTF não podiam deixar de lhe prestar esta mais do que justa homenagem”.
Enquanto seu verdadeiro símbolo, ‘Rei’ Artur terá sempre o seu trono. Talvez até que, se bem vista as coisas e trazendo ao ‘palco dos acontecimentos’ a mestre – porque sábia! – Madre Teresa de Calcutá, quando os legou ser “o perdão: o presente mais belo(!)”, Sá Pinto seja levado ao arrependimento!
Na medida em que, e uma vez mais, com sentido Ético:
‘Não é pensando que somos [talvez que os maio-res…] é sendo [com humildade] que pensamos!
*“Embaixador para a Ética no Desporto”
