Vítor Bento, economista e conselheiro de Estado, acredita que o futuro de Portugal passa por uma reforma do sistema político, cujo poder deverá ser limitado para prevenir o endividamento, o compadrio e a corrupção.
O economista Vítor Bento apresentou, ontem, no Porto, algumas propostas para restaurar a confiança da sociedade civil na classe política, desgastada por um sistema que “substituiu o mérito pelo compadrio”.
O conselheiro de Estado nomeado por Cavaco Silva sustenta que, em Portugal, o Estado tornou-se demasiado grande e fraco, “grande por consumir demasiados recursos e fraco por só ser forte com os fracos, enquanto protege as rendas dos mais fortes”.
Numa intervenção muito dura, Vítor Bento defendeu a redução da dimensão do Estado e do poder político, que deverá ser balizado para evitar que se torne num instrumento de retaliação, colocando em perigo da democracia e liberdade dos cidadãos.
“É preciso regras como no código de estrada. Não bastou proibir o estacionamento no passeios foi preciso colocar pilares de metal para impossibilitar os condutores de o fazer”, lembrou o presidente do Conselho de Administração da Sibs.
Não havendo a possibilidade de “saber se um Governo “é bom ou mau”, para Vítor Bento a solução passa por colocar pilares ao poder das instituições. Entre outras propostas, o economista defende que os diretores gerais e administradores de empresas públicas sejam sujeitos a um escrutínio de um painel de cinco ou seis personalidades, designadas pelo parlamento e Presidente da República.
Para prevenir o desastroso endividamento do país, propõe que a contração de empréstimos passe por um painel onde figure o Ministro das Finanças, o presidente do Tribunal de Contas e do Banco de Portugal.
Finalmente, para travar a corrupção, Vítor Bento avança com a proibição da aceitação de prendas acima dos 15 ou 20 euros, pois as ofertas nunca são dadas de graça.