A dois dias das eleições municipais, que se realizam na próxima quarta-feira, a embaixada dos EUA em Maputo lamenta “a violência eleitoral registada no sábado no município da Beira”. Os EUA aguardam “com assinalável expetativa que haja uma grande afluência às urnas” no dia 20″, e que o voto dos moçambicanos possa ser exercido “sem qualquer forma de impedimento, interferência ou intimidação”, diz a nota de imprensa citada pela Lusa.
A igreja também tomou posição sobre a onda de violência que atinge Moçambique: o bispo de Quelimane, Hilário da Cruz Massinga, diz que o diálogo é a “chave” para acabar com a onda de violência e insegurança que atingiu Moçambique nos últimos meses.
No último sábado, foram atendidas 46 pessoas no Hospital Central da Beira, vítimas de ferimentos ou inalação de gás lacrimogéneo, na sequência de violentos confrontos numa ação de campanha que se realizou no bairro de Munhava, nos arredores da segunda maior cidade da Moçambique.
O jornal “@Verdade” escreve que “o que era para ser uma festa de encerramento da campanha eleitoral de Daviz Simango”, candidato do Movimento Democrático de Moçambique – MDM, “terminou em confronto entre os agentes das Forças de Intervenção Rápida (FIR) e os simpatizantes” do MDM.
“O tumulto eclodiu quando uma viatura do Estado, com a chapa de inscrição EAB-439MP, ostentando a bandeira da Frelimo e escoltada pela FIR, colheu um jovem que se encontrava entre a multidão. E o resultado foi a existência de dezenas de feridos e uma adolescente desaparecida, além de danos materiais”, diz o “@Verdade”.
Bispo estranha atitude da Renamo
As eleições municipais de dia 20 podem ser vistas como uma sondagem no terreno às eleições presidenciais e legislativas de 2014. Por este motivo, o bispo de Quelimane “estranha” o facto de a Renamo, o segundo maior partido de Moçambique, ter optado por se excluir deste ato eleitoral.
“Nós dizemos que somos um país democrático e um dos exercícios da democracia são as eleições, o que significa que a democracia exige o diálogo entre as pessoas. Como se pode fazer a democracia sem que haja trato com outras camadas sociais, com outros opositores? É daí que o diálogo fortifica o caminho para a paz”, afirmou Hilário da Cruz Missango, à agência Lusa.
Estão inscritos mais de três milhões de eleitores nos 53 municípios de Moçambique para participarem nas eleições municipais da próxima quarta-feira. Segundo a Lusa, estas autárquicas “são as mais tensas da história do país, uma vez que se vão realizar sob a ameaça de boicote por parte do principal partido da oposição”, a Renamo.
Forças de Defesa e Segurança intervém na zona de Nampula
Segundo o “Jornal O País” as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique estão a intensificar uma “operação militar” no distrito de Nampula -Rapale, desde o fim-de-semana, “com vista ao desmantelamento da onda de ataques, direccionados a alvos civis e que já resultaram na morte de uma pessoa, dois feridos graves, para além de avultados danos materiais”.
O “Jornal O País” diz que devido aos “ataques provocados, supostamente, pelos guerrilheiros da Renamo, circular em Rapale, sobretudo no período nocturno, tornou-se perigoso”.
Manuela Goucha Soares (Rede Expresso)
