Ex-presidente do BCE espera que troika “se evapore”

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O colapso da zona euro, segundo Trichet, só foi evitado graças à intervenção decisiva do BCE, que interveio no mercado para comprar dívida de Espanha e Itália

Jean-Claude Trichet, antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE), defende que a aplicação “rigorosa” das regras do euro por parte de Portugal teria evitado “muitos problemas”

“No caso de Portugal e da Grécia, acredito que se o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC, instrumento que define as regras do euro) tivesse sido aplicado muito rigorosamente teríamos evitado muitos problemas, muitos problemas, não digo todos os problemas”, afirmou esta terça-feira o responsável francês, em Estrasburgo, perante a comissão do Parlamento Europeu que está a investigar a atuação da troika.

O antigo dirigente do banco de Frankfurt, que respondia a uma pergunta de do eurodeputado Diogo Feio (que evocou as recomendações feitas por Trichet em 2003 acerca do cumprimento do PEC), não identificou exatamente o período a que se referia a sua observação. Mas voltou a evocar Portugal para explicar que os países “mais vulneráveis”, e que acabaram por ser os primeiros a ser atacados pelos mercados, foram os que apresentavam perda de competitividade em relação ao resto da zona euro, situação para a qual o BCE alertou: “Sem surpresa, em primeiro lugar a Grécia, em segundo a Irlanda, em terceiro Portugal. Eram os três países que apresentavam indicadores que divergiam da média, o resto mundo viu isso e atacou”.

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Trichet revisitou o período mais quente da crise da dívida soberana na zona euro e identificou agosto de 2011, numa altura em que Portugal, Grécia e Irlanda já tinham sido resgatados, como o momento decisivo. Para o ex-presidente do BCE, “o episódio mais intenso” aconteceu quando Espanha e Itália foram colocadas em causa e “40% do PIB da zona euro foi desafiado”: “O resto do mundo estava a apostar massivamente no colapso de Espanha e Itália e, depois destes países, claro, no colapso do resto da zona euro”.

Colapso esse que, segundo Trichet, só foi evitado graças à intervenção decisiva do Banco Central Europeu, que interveio no mercado para comprar dívida de ambos os países.

Quanto ao futuro da troika, enquanto instrumento criado no calor da crise para gerir a implementação dos programas de ajustamento nos países resgatados, Trichet espera que ela “se evapore progressivamente”, na medida em que a zona euro resolve os problemas que ditaram a sua criação: “Espero que no futuro tenhamos mais que prevenir do que remediar, a quente, crises dramáticas”.

Nesse sentido, Jean-Claude Trichet considera que o PEC e o recém-criado Procedimento relativo aos Desequilíbrios Macroeconómicos (PDM), novo mecanismo para controlar o funcionamento da zona euro, são “absolutamente essenciais” e que é indispensável garantir o seu funcionamento correto.

RE

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