Ermelinda Guerreiro tinha 109 anos e morreu na última semana no concelho onde residiu a maior parte da sua longa vida
Ermelinda da Conceição Guerreiro nasceu no dia 25 de Abril de 1902, em Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, mas foi viver muito cedo para São Bartolomeu do Sul, concelho de Castro Marim, onde casou e se manteve até aos últimos dias da vida. Faleceu na passada segunda-feira, com 109 anos.
Mãe de seis filhos (dois deles já falecidos), 19 netos, 29 bisnetos e nove trinetos, que eram o seu orgulho, concluiu a instrução primária com 12 anos e dois anos mais tarde começou a trabalhar nas lides domésticas e na terra. Casou aos vinte e dois anos, momento em que diz ter perdido a liberdade pessoal e foi viver para Espanha, onde trabalhou na terra durante 14 anos, ao lado do marido.
Esta mulher de rija têmpera, que só consultou o médico duas ou três vezes durante toda a sua vida, recordou em 2008, à revista municipal Notícias de Castro Marim, as dificuldades que teve para criar os filhos: “Eram tempos de grande carestia, aqui trabalhei muito no campo e em Espanha nas conservas, ajudando o meu marido para garantir o sustento da família”.
Vítor Cavaco, um dos netos, fala da avó com orgulho: “Nasci praticamente debaixo das saias da minha avó. Ela acompanhou-me até aos 12 anos de idade. Foi uma enorme felicidade ter conhecido alguém com a força e a lucidez que ela tinha”.
Até há poucos dias, ainda reconhecia toda a família com uma lucidez impressionante.