Filho de Kim Jong-il a caminho do poder

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Kim Jong-il (à esquerda) prepara-se para passar o testemunho ao seu filho Kim Jong-un

A Coreia do Norte deverá aprovar “grandes mudanças” na liderança do país durante a rara conferência nacional do Partido dos Trabalhadores Coreanos agendada para este mês, disse um académico europeu que visitou Pyongyang há uma semana.

Uma das mudanças mais esperadas é a promoção de Kim Jong-un, o filho mais do novo do atual líder, Kim Jong-il, que também herdou o poder do seu pai, o “eterno Presidente Kim Il-sung”, falecido em 1994.

“Não vi nenhum retrato de Kim Jong-un em Pyongyang, mas parece que o futuro aponta nessa direção (a promoção de Kim Jong-un)”, contou hoje Glyn Ford em Pequim, numa sessão organizada pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China.

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Eurodeputado entre 1984 e 2009, eleito pelo Partido Trabalhista britânico, Glyn Ford esteve no final agosto em Pyongyang, a convite do novo diretor do departamento internacional do Partido dos Trabalhadores Coreanos (PTC).

“O Partido (PTC), que esteve adormecido durante uma década, está a renascer em grande estilo (…) Tem havido mudanças substanciais e grandes substituições a nível intermédio e superior da liderança”, afirmou.

Glyn Ford salientou que a referida conferência nacional, anunciada para a primeira metade de setembro, “é a primeira reunião do género em trinta anos”.

“Será uma grande deceção se não houver algumas grandes mudanças no topo da liderança”, disse Glyn Ford.

Segundo fontes sul-coreanas, Kim Jong-il, 68 anos, sofreu um ataque cardíaco em 2008 e está a apressar a transição do poder.

“Não espero que seja anunciado o próximo líder, mas a conferência deverá atribuir alguns cargos a Kim Jong-un dentro do Partido e nas forças armadas”, afirmou Glyn Ford.

“Mais do que uma sucessão, a conferência estabelecerá um mecanismo para a sucessão”, acrescentou.

Conselheiro do Instituto Europeu de Estudos Asiáticos, sediado em Bruxelas, Glyn Forj já esteve “mais de vinte vezes” na Coreia do Norte.

Na sua última visita, de 29 a 31 de agosto, constatou que as lojas e mercados de Pyongyang “estão abastecidos, sobretudo com produtos chineses”, mas salientou que a capital norte-coreana “não é como o resto do país”.

“Penso que há fome fora de Pyongyang”, disse.

Glyn Ford contou ainda que paralelamente ao “rejuvenescimento” em curso no PTC, há “tentativas de modernização socialista”, num processo idêntico ao que a China e o Vietname – dois outros países com governos comunistas – iniciaram há décadas.

“Eles precisam de investimento externo, mas não conseguem obtê-lo e não há ninguém que queira investir na Coreia do Norte”, comentou.

Quanto à posição da China, “o país que tem, de longe, mais influência” em Pyongyang, Glyn Ford considera que Pequim “quer, em primeiro lugar, que a Coreia do Norte sobreviva” e que “reforme a sua economia”.

O académico britânico realça, no entanto, “a China não tem tanta influência, como muita gente gostaria” e, além disso, os norte-coreanos são “muito nacionalistas e independentes”.

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