Acabei de ler uma esclarecedora entrevista com o criador dos “Soprano”, e por que a considero assim?, porque por detrás de uma grande obra está, geralmente, um grande entrevistado. Penso que o original da frase não será exactamente assim, mas a adaptação é o que se pode arranjar. E o que disse David Chase, a personagem em causa? Pois que a televisão nunca vai acabar (no sentido da importância que detém como fonte de entretenimento da baixa, média e alta dimensão, sublinhado meu), porque haverá sempre espaço para a mediocridade. Pus-me então a cismar sobre tudo isso, e assentei que sim, a nossa vida é feita desses altos e baixos do bom e do mau.
O contrário, como ver “Sociedade Civil” todas as tardes na RTP2, ou uma dieta completa com os infindáveis programas de debate da responsabilidade da Fundação Francisco Manuel dos Santos, deve ser muito difícil de suportar. Por exemplo, um representante da melhor instrução como este vosso criado, também gosta de umas certas sessões de lixo. Por exemplo, as peças do CM sobre a chamada “Grávida da Murtosa” são a prova mais que evidente da enorme capacidade que – neste caso – as enviadas especiais são capazes, para nos nos entreter e manter vivo (desculpem a expressão) um assunto que, noutro canal, já estaria completamente esquecido. Isto tudo, apesar de nos tempos que correm, cá o rapaz ter ficado com a impressão que a densidade dos túneis existentes na Murtosa bateu aos pontos os labirintos subterrâneos de Gaza.
Depois existem os períodos da manhã e princípio da tarde, em que todos os canais mais ou menos generalistas se equivalem na tal mediocridade, em doses equilibradas. E que digo eu de os ver pelo canto do olho? Que as celebridades (celebridades à portuguesa: são-no porque aparecem e se o são ainda aparecem mais. Uma espécie de uma pescada de rabo na boca) não têm nada que se queixar do tratamento que as equipas de salvação, acoitadas nos ditos programas, lhes possam dar. Na espreitadela a uma sessão de passar-as-mão-pelo-pelo a que me submeti, descobri que alguns velhos e bons hábitos continuam a manter-se. Uma celebridade que casa e se separa, nunca é divorciada, mas regressa sim ao estado virginal de se ser solteiro(a). “Está outra vez solteiro(a)” é uma das frases mais repetidas e é, sem exagero, um bálsamo para a alma do visado. Divórcio é, como se sabe, para os vulgares. Também descobri que nessa gente (as tais celebridades) e caso não se tenha uma aborrecida vida familiar, há sempre um “novo amor” e não, como nas pessoas mais humildes e vulgares, um “novo namorado”. Namorados, provavelmente só com autorização expressa e escrita de pai e mãe. Caso isso não seja possível (por não anuência dos progenitores), então teremos, “fulana x, ou beltrano y, têm novo amor”. Até que fiquem de novo solteiros.