Hollande sem razões para festejar um ano após eleição

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O primeiro aniversário, hoje, da eleição de François Hollande para o Eliseu é assinalado sem festa. Num ano, o socialista bate recordes de impopularidade e é contestado na rua pela esquerda e pela direita.

“A mudança é quando?”. A pergunta era feita, ontem, insistentemente, por diversos militantes de esquerda, numa concorrida manifestação, em Paris, contra a austeridade. A alusão ao lema central da campanha de François Hollande para as presidenciais – “A mudança é agora” – era evidente. Para estes manifestantes, Hollande não aplica políticas muito diferentes das do seu predecessor, Nicolas Sarkozy.

Muito impopular – apenas 25 por cento de satisfeitos com a sua presidência, segundo as sondagens -, o chefe de Estado socialista não tem grandes razões para festejar o primeiro aniversário da sua eleição.

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A esquerda não socialista e mesmo alguns dirigentes do PS criticam-no por não ter cumprido uma das suas principais promessas – a recusa da austeridade e do confronto com a alemã, Ângela Merkel, que foi uma das suas principais bandeiras eleitorais.

Mas, Hollande é igualmente atacado pela direita tradicionalista e pela maioria das religiões por ter realizado uma das suas promessas – o casamento gay e a adoção de crianças por casais homossexuais.

Presidente “normal”

Com a esquerda e a direita a contestá-lo nas ruas – a direita marcou uma manifestação nacional que se prevê imensa para o próximo dia 26, em Paris – François Hollande mandou publicar a lista das promessas cumpridas, entre elas, o lançamento de um programa de criação de empregos para a juventude, o lançamento do Banco Público de Investimento para favorecer os investimentos e o emprego, a contratação de professores, a limitação dos salários para os dirigentes das grandes empresas públicas ou o aumento dos impostos para os mais ricos.

No entanto, o candidato às presidenciais que anunciara querer ser um “presidente normal” perdeu, num ano, a confiança dos franceses. O “presidente normal” é hoje visto como um homem sem pulso e com fraca capacidade de decisão.

O escândalo Cahuzac, o ministro do Orçamento que tinha uma conta secreta num paraíso fiscal, o seu isolamento relativo na União Europeia e os números do desemprego, que atingem recordes históricos, são terríveis para ele.

Privatizações

Tanto Hollande como o seu primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, repetem insistentemente, nos últimos dias, que não aplicam a austeridade, mas sim uma política de rigor que não esquece incentivos ao crescimento. Recusam a palavra austeridade e garantem que os franceses vão constatar os primeiros resultados positivos até ao fim deste ano, designadamente com uma prometida inversão da curva do desemprego.

Fontes, em Paris, dizem que o Presidente prepara uma remodelação governamental até ao início do verão para dar um novo fôlego ao seu mandato. Até lá, o Governo anuncia para as próximas semanas, a venda de participações do Estado em grandes empresas. “Os fundos que receberemos com essas vendas não servirão para tapar buracos no orçamento, mas serão investidos na economia”, explicou, ontem à noite, Jean-Marc Ayrault.

“Compreendemos a desilusão de algumas pessoas, tivemos de fazer este ano reformas importantes e elas vão dar frutos, é preciso algum tempo, tivemos que laborar o terreno que o anterior Governo deixou seco, na agricultura também é assim, é preciso dar tempo para que as sementes germinem”, acrescentou o chefe do Governo.

Venda de vinhos de luxo

Para tentar cativar a perda de confiança do seu eleitorado – François Hollande perdeu mais de 26 pontos junto dos votantes de esquerda e centristas que o elegeram há um ano – todos os símbolos servem. Até a venda de vinhos de luxo da cave do Eliseu. No fim do mês vão ser leiloadas em Paris 1200 garrafas, entre as quais estão diversas “Petrus 1990”, avaliadas em 2200 euros cada uma. A ideia é comprar vinhos mais baratos para o Palácio e incluir o excedente no orçamento.

Para o dia de hoje, no Eliseu, não é anunciado sequer um bolo de aniversário e o champanhe, se houver, não será da reserva Don Ruinart, que era a preferida do falecido ex-presidente socialista, François Mitterrand. Apenas será organizada no Palácio, esta manhã, uma reunião de trabalho – um seminário do Governo com o Presidente, para fazer o balanço de um ano de poder. O tempo não corre de feição para festas no poder socialista francês. “Trabalho, trabalho, devoção, devoção, é assim que agiremos e é assim que vamos ter resultados!”, exclamou, esta manhã, Pierre Moscovici, ministro da Economia e Finanças.

Daniel Ribeiro (Rede Expresso)
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