Homenagem a Eanes: data não é consensual

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Eanes recusou ser promovido a marechal, prescindiu de mais de um milhão de euros em retroativos, e não comprou ações do BPN quando lhas ofereceram. Vai ser homenageado no dia 25 de novembro

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A escolha do dia 25 de novembro para homenagear o ex-Presidente da República António Ramalho Eanes não foi pacífica entre os envolvidos na preparação deste tributo ao general que recusou ser promovido a marechal no ano 2000.

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“A homenagem não tem nada a ver com o 25 de Novembro. Tem a ver com o general Ramalho Eanes”, diz ao Expresso o ex-chefe do Estado-Maior do Exército, general Garcia dos Santos. Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, diz também ao Expresso que a data não é do seu “agrado”, embora a homenagem “seja totalmente merecida”.

O general Eanes começou por resistir à iniciativa: “A comissão promotora sugeriu efetuar um testemunho público. Na altura, tive ocasião de lhes dizer que não concordava, tendo apontado as minhas razões”, recorda o ex-Presidente ao Expresso. “Entenderam levá-la por diante com um desenho configurativo modificado, de que tiveram a amabilidade de me dar conta”.

Eanes acabou por ceder à homenagem, que terá lugar no próximo dia 25, e apesar das suas reticências sente-se sensibilizado: “Não posso deixar de, a todos – os que a promoveram e os que nela participam -, manifestar a minha sentida gratidão, sobretudo pela sua amizade ou pela simpatia demonstradas”, afirma Eanes.

Prémio de Cidadania António Ramalho Eanes

A comissão promotora desta homenagem “nasce da sociedade civil”, diz ao Expresso o professor Mendo Castro Henriques. “Vai ser apresentada em conferência de imprensa no dia 13 e reúne cerca de 100 nomes de todos os quadrantes”.

Para além de Mendo Castro Henrique e do general Garcia dos Santos, integram a comissão, entre outros, o ex-presidente da Assembleia da República Jaime Gama, o reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa, o presidente e o ex-presidente da Câmara do Porto, respetivamente, Rui Rio e Rui Moreira, o poeta e ex-deputado Manuel Alegre, e o presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura Guilherme d’Oliveira Martins.

“Vamos colocar na internet um documento sobre esta homenagem para ser assinado por quem desejar”, adianta Mendo Castro Henriques. “Queremos homenagear o cidadão Ramalho Eanes e não o militar. Eanes é um cidadão exemplar e numa época de crise como esta que vivemos, consideramos que é fundamental valorizar o capital humano”, adianta.

Ramalho Eanes tem “um sentido de coragem”, uma humildade que o levou a “fazer um doutoramento sobre a Sociedade Civil”, já depois de ter sido Presidente da República, que “raramente se encontram e devem ser homenageados numa iniciativa como esta, que se pretende virada para o futuro”, afirma Mendo Castro Henriques.

Vai ser criado um prémio com o nome do general a partir de 2014, que distinguirá organizações que se destaquem pelo serviço em prol da comunidade. O prémio será bienal, e tem por objetivo promover “exemplos de cidadania ativa para as novas gerações”.

Manuela Goucha Soares (Rede Expresso)

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