É atualmente o ‘prato do dia’ e a ‘conversa de café’ dos algarvios, que já se mostram preocupados e desesperados por melhores cuidados de saúde na sua região. É o caso de Carla Reis, residente em Faro, que não tem boas coisas para contar acerca do hospital de Faro, onde chegou a trabalhar durante três meses.
A gota de água para a utente caiu este mês. O seu filho, de cinco anos, sobre de bronquiolites desde nascença e entre o final do mês de março e abril deste ano teve de ir para as urgências de pediatria. No entanto, não aconteceu o que era previsto.
“Os médicos não fizeram qualquer tipo de avaliação relativa à criança. Nem ouvidos, nem garganta, nem raio-x. Nada. Olharam para a criança e disseram: está bem, vá para casa”, conta ao JA.
Com 40º de febre e crises de falta de ar, o filho de Carla Reis é enviado para casa, mas a mãe não desiste e dirige-se ao Serviço de Urgência Básica (SUB) de Loulé.
Depois da normalidade do médico avaliar “ouvidos, boca e garganta”, foi solicitado um raio-x, cujo resultado era que a criança estava com uma broncopneumonia.
“Se eu não fosse com a criança a Loulé, a criança ficava com febre e com falta de ar e nós nunca íamos saber o que é que ele tinha. Mas já é a segunda vez que me fazem isto com a criança”, conta ao JA.
Já de regresso ao hospital de Faro, com uma carta do médico de Loulé, é feito um novo raio-x, mas a médica disse que “não via nada”, apesar de receitar antibiótico.
“Então uma criança que não tem nada como é que manda antibiótico? Cada vez que vou lá dizem que a criança não tem nada, mas também não lhe fazem uma avaliação como deve ser. Já notei que fazem tudo à pressa, porque cheguei a entrar na pediatria e ver médicos sentados a jogar ‘Puzzle Bubble’ no telemóvel. O meu filho teve pulseira laranja e levaram quase cerca de 2h30 para chamá-lo. Desde que nasceu que os médicos têm sempre o mesmo comportamento com ele, e com outras crianças é a mesma coisa. Reparei que houve mães que vieram frustradas para fora do hospital e chegaram até a comentar que os médicos parecem que estão a tratar de animais e não de crianças”, confessa.
Com tudo isto, Carla Reis decide pedir o livro de reclamações, que lhe é recusado, “tal como aconteceu com outras mães”.
“Quando eu disse que ia fazer queixa, o diretor das urgências de Faro disse que iria atender e que eu calava a boca. Tentei falar com o diretor de pediatria, mas disseram-me que não estava no local. Quando eu vou ao hospital, fazem o mesmo comigo”, explica.
Urgências gerais também com problemas
Carla Reis chegou com um braço partido às urgências do hospital de Faro. O diagnóstico que lhe foi dado era transtorno de ansiedade, receitando Diazepam para dormir. Voltando mais uma vez a Loulé, foi-lhe confirmada a fratura no braço.
“Em Faro as pessoas estão a ser maltratadas em todos os aspetos. Tive à beira da morte porque mandavam-me todos os dias para casa com medicação de Diazepam e descobri que tinha a vesícula quase a rebentar. Eles estão a ver se matam as pessoas. Eles deixam morrer as pessoas”, alerta.
No pouco tempo que trabalhou naquela unidade hospitalar, Carla Reis relembra que foi avisada de que quando saísse daquele trabalho, não podia falar sobre o emprego na rua.
“Não achava correto o que eles faziam. Eles dão Diazepam às pessoas para metê-las a dormir e assim eles poderem dormir durante a noite. Atam as pessoas às camas. Os médicos fazem isso e mandam os enfermeiros fazer”, relata.
O JA contactou o CHUA, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.