Hospital de Faro teve um bom começo, mas depois…

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Antigo colunista do JORNAL do ALGARVE, o clínico aposentado Eurico Gomes, 76 anos, promete voltar à carga um destes dias, depois de ultrapassados os problemas de saúde que o afastaram das crónicas.

Eurico Gomes


Com uma enorme panóplia de cargos exercidos no Hospital de Faro durante as últimas quatro décadas (especialista em medicina interna, assistente hospitalar, chefe de serviço, foi diretor do serviço de Medicina Interna, chefe da equipa de urgência), foi na sua especialidade como diabetologista que se distinguiu nas crónicas periódicas que manteve durante vários anos no JORNAL do ALGARVE.


“Colaborei com todo o gosto e prazer e escrevi alguns artigos sobre saúde, principalmente sobre diabetes, mas também sobre a saúde num contexto regional”, disse Eurico Gomes ao JA.

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Considerando que a Imprensa regional é muito importante no contexto da defesa dos interesses da região – e da saúde em particular – enfatiza que o JA tem tido essa preocupação: “Conheço várias pessoas que o assinam ou apenas o lêem e são unânimes na sua defesa como fundamental no destaque que dá às matérias regionais e à defesa dos interesses desta região”.


“Eu vim para Faro em 1984, já apanhei o Hospital feito – ele foi inaugurado em 1981 – e já com algumas estruturas a funcionar. Vim do Hospital de Santa Marta, tinha então 38 anos. Antes do hospital não havia uma medicina devidamente estruturada pelas diversas especialidades. A medicina geral pertencia à cirurgia. Havia obstetrícia, pediatria, coisas dispersas e a funcionar nos consultórios particulares e no hospital velho”, sublinha, enfatizando a importância de estruturas centralizadas na região, que só chegaram na década de 80.


“Só depois dos primeiros anos surge uma estrutura semelhante a Lisboa. No início não havia uma estruturação do hospital no início do seu funcionamento. Embora seja fundamental a existência prévia das carreiras médicas, que são anteriores ao 25 de Abril”.


Eurico Gomes sustenta que, idealmente, devia haver uma estrutura mais disseminada pela região, que evitasse longas deslocações: por exemplo, no sotavento, mais numa perspetiva de urgências, de medicina familiar, clínica geral e apoio significativo de medicina preventiva.


Quanto ao arranque do hospital, que apanhou já em andamento, assinala que as estruturas hospitalares dificilmente poderiam ter começado melhor: “No princípio tudo funcionou, nós trazíamos as experiências, os médicos que vieram de fora, dos hospitais centrais. Houve uma série de especialidades que se estruturaram depois disso com base na formação de serviços, como a nefrologia. Ou a hemodiálise. Todas as especialidades funcionaram. Com a característica de formar internos e de que eles se fixassem cá, porque tinham uma carreira a seguir. E as portas sempre abertas para a carreira.


Contudo, cedo se rompeu o idílico quadro: “A certa altura tudo começou a ser mal entendido e começou a haver pessoas que não estavam dentro destes assuntos, eram mais gestores e politicamente influenciados pelos partidos.

E isso contribuiu para que esta infraestrutura fosse sendo abandonada e começasse a diminuir o interesse nas pessoas ficarem cá. Porque não tinham uma carreira nem perspetivas a longo prazo de subirem na carreira e o fator económico, os vencimentos nestes últimos 10 ou 20 anos foram significativamente diminuídos.


J.P.

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