Presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu reforçaram a tónica sobre o “crescimento”. Eurobonds continuam a dividir membros da União Europeia e não serão para “introdução imediata”.
O anfitrião do jantar-cimeira informal de ontem (23 de maio) em Bruxelas, Van Rompuy, afirmou que houve consenso sobre a importância da agenda da “estratégia 2020” virada para iniciativas de crescimento.
O termo “crescimento” foi a tónica das duas intervenções na conferência de imprensa que se seguiu ao jantar, quer por parte de Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu e anfitrião do jantar dos 27, como de Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia.
Repetindo ambos que a política de ajustamento orçamental não estará em causa, acentuaram as ideias que obtiveram consenso no jantar em relação às prioridades políticas de Rompuy e de Barroso. Este último acentuou inclusive que “houve consenso à volta da mesa de que se necessita de ambas – estabilidade (orçamental) e crescimento”.
Recorde-se que o primeiro a proceder a um golpe de rins político foi Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu, quando avançou com a ideia de um “pacto de crescimento” (growth compact), complementar ao “pacto orçamental” (fiscal compact).
Iniciativas para o crescimento
No entanto, apesar da importância de “ambas”, quer Rompuy como Barroso centraram as suas intervenções na divulgação de iniciativas claramente viradas para o crescimento.
Rompuy recordou as três linhas de prioridade do Conselho – políticas de “completo apoio” ao crescimento; financiamento ao investimento e melhor acesso ao crédito por parte das PME; e criação de emprego através de planos nacionais (em cada país) e dos fundos estruturais. Barroso mostrou o “diagrama” de ação da Comissão nas três áreas prioritárias visando “crescimento sustentável”, “diagrama” que distribuiu aos media.
Com a limitação interna e internacional da capacidade política da chanceler Merkel, depois das derrotas eleitorais em dois estados alemães e da pressão na última reunião do G8, que o jornal alemão Der Spiegel já considerou, ironicamente, como tendo “perdido o seu triplo A”, o Conselho Europeu, a Comissão Europeia, e a nova aliança em gestação Hollande-Monti procuram ganhar pontos no marketing das opções para lidar com a crise das dívidas soberanas da zona euro e com o double-dip (recaída na recessão) da região.
Eurobonds em banho maria
Não houve, contudo, nenhum avanço sobre a questão das obrigações europeias – conhecidas pela designação de eurobonds – apesar da pressão das últimas semanas de diversas entidades, incluindo a OCDE, e da aliança política sobre o tema entre François Hollande, presidente de França, Mário Monti, primeiro-ministro de Itália, e Jean-Claude Juncker, chefe do Eurogrupo.
A aliança em gestação entre Hollande e Monti já é alcunhada de “Hollonti”. Van Rompuy referiu, na conferência de imprensa, que o tema dos eurobonds foi discutido com “divergências” (oposição nomeadamente da Alemanha e do governo de gestão da Holanda) e que nunca será “para introdução imediata”.
Mário Draghi, presidente do BCE, reforçou, aliás, que tais instrumentos financeiros são “o fim de um processo” e que farão sentido no quadro de uma união orçamental.