JOÃO LEAL

 CRÓNICA DE FARO

A capital sulina e o fundo “Jessica”

 

Dói-nos verdadeiramente causa-nos um mau estar latente, o percorrermos esta cidade onde tivemos a dita de ver a luz do dia e a cada instante nos surgirem casas em ruínas, edifícios decrépitos e toda uma imagem de decadência e abandono, que em nada nos abona nem Faro o merece. O esplendor de tempos idos é uma saudosa evocação e de há muito se pede uma intervenção oficial para que esta urbe não prossiga, em cada dia, a ser o que na realidade é a nada dignificante imagem. Não se trata de denegrir ou de uma auto-flagelação direccionada para um dos grandes amores da nossa vida, mas tão somente de se constatar uma indesejável realidade que não respeita nem centros históricos (quer a “Vila-a-Dentro” como zona classificada da Ribeira apresentam inúmeros testemunhos da nossa afirmação), quer as áreas mais nobres (caso da “Calle Mayor”, para nós as Ruas D. Francisco Gomes, onde recentemente uma qualificada pastelaria fechou portas por perigo de derrocada do prédio onde está instalada) e a Rua de Santo António.

Ora existe desde há anos o Fundo Jessica, criado conjuntamente pela Comissão Europeia, bancos Europeus de Investimento e de Desenvolvimento (Conselho Europa), o qual visa apoiar os estados membros, nos quais se inclui Portugal, na utilização de mecanismos de engenharia financeira objectivando a reabilitação urbana.

Em relação ao Algarve dispõe, neste momento, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDRA) de 15 milhões de euros do Fundo Jessica, um remédio de desejada aplicação na capital algarvia, que dele bem carente se encontra. É que face ao não cumprimentos das normas prescritas nos regulamentos municipais, com uma notória falta de intervenção da autarquia nesta área ao longo de vários mandatos, acumulando-se os casos a cada vez mais novos casos, chegada é a hora de se tomar a decisão de punir quem não cumpra, sem que tal faça jogar para trás das costas factores múltiplos (rendas irrisórias, dificuldades económicas dos senhorios, falta de apoio técnico e financeiro, etc.) e de injectar os meios existentes e tantas vezes ignorados ou não aproveitados.

Sem esquecermos as conhecidas dificuldades orçamentais da câmara municipal de Faro, desconhecendo possíveis diligências já efectuadas ou em curso, entendemos que esta é a hora prima para que o referido Fundo Jessica marque a sua presença contributiva na nossa cidade e dê um contributo positivo para que a reabilitação urbana, possa, ainda que em escala ínfima em relação à realidade existente, aconteça em prol de uma cidade renovada.

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1 COMENTÁRIO

  1. Sr. João Leal,

    Compreendo perfeitamente o que diz e sente. Quem visita Faro, observa uma Cidade, urbanisticamente falando, de uma infelicidade tremenda.

    Ao longo das ultimas décadas, o espaço urbano/construído, nunca foi alvo de uma avaliação estética definida, sendo que a arquitectura e os traços genuínos nunca foram respeitados.

    Sou Farense e trabalho no Ramo Imobiliário, e o que dá-me mais gozo é conseguir vender para reabilitar. Existem empresários em Faro, que ao praticarem a sua actividade profissional, estão a contribuir para uma melhoria significativa do espaço urbano da Cidade.

    A revenda de imóveis em ruína, após reconstrução, gera lucros de 20% até por vezes 50%. Esta é uma actividade que deve ser explorada e sem dúvida todos ficam a ganhar – “proprietário-cliente investidor/reconstrutor-novo proprietário-Cidade de Faro”.

    Como profissional do ramo, especializado neste tipo de imóveis, aconselho vivamente a quem quiser investir no ramo, o faça em Faro! Uma Cidade que infelizmente se tornou num espaço urbano negro e feio, mas que com esta infelicidade gerou um potencial incrível de negócio no ramo imobiliário.

    Uma palavra amiga para a Câmara Municipal de Faro, que hoje em dia tem pessoal muito competente na área da reabilitação, que sem fundos fazem pequenos milagres. A estratégia empregue pela Câmara está a criar bases sólidas para que até 2020, a Cidade consiga erguer-se e ser a nossa bela Cidade de Faro, Capital do Algarve!

    Todos podemos ajudar, sendo JESSICA´s ou não.

    Um abraço,

    Ivo Martins

    961356500

    [email protected]

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