Juros e Risco em novos máximos

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O dia de Reis trouxe dois brindes amargos. Os juros implícitos no mercado secundário das obrigações do Tesouro a 10 anos voltaram a passar a linha vermelha dos 7% e a probabilidade de incumprimento atingiu novo máximo, acima de 37%. Hoje negoceiam acima dos 7,1% fixando novo máximo desde a adesão ao euro.

A época dos Reis Magos não poderia terminar da pior forma. Portugal voltou a estar quinta-feira (6 de janeiro) sob fogo cerrado dos especuladores na dívida soberana.

A probabilidade de default (incumprimento) da dívida soberana portuguesa num horizonte de cinco anos é, agora, estimada em 37,34%, um novo recorde, superior ao anterior máximo em 30 de novembro, segundo o monitor da CMA DataVision. Trata-se de um agravamento de um 1,6 pontos percentuais em relação ao dia anterior, o segundo maior de quinta-feira, depois do agravamento da perceção de risco sobre a Bélgica.

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Apesar deste agravamento, Portugal desceu no ranking do TOP 10 mundial do risco de default para 5º lugar, empurrado pelo facto de a Irlanda ter baixado para 4º lugar, em virtude de um salto brusco na degradação da situação do Paquistão que subiu de 6º para 3º lugar, dado o agravamento da situação política interna na sequência do assassinato do governador do Punjab.

A sentença da sondagem da Reuters
Por outro lado, as yields – juros implícitos – das Obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos no mercado secundário pisaram, de novo, o risco dos 7% durante o dia, tendo estado a negociar em 7,03%, e acabaram por fechar nos 6,96%, acima dos 6,65% no fecho de quarta-feira, segundo dados da Bloomberg. A linha vermelha dos 7% voltou à ribalta, o que já não acontecia desde novembro passado, quando se fixou o máximo de 7,03% no dia 10 desse mês. Também, os juros das OT a 5 anos regressaram ao nível dos 6%, o que, também, já não sucedia desde novembro. Sexta-feira (7 de janeiro) abriram acima dos 7,1%, fixando novo máximo desde a adesão ao euro.

A sondagem realizada pela Reuters antes da emissão dos Bilhetes de Tesouro na quarta-feira e divulgada quinta-feira é um eco do sentimento dos grandes investidores. Um total de 44 em 51 analistas ouvidos a respeito de uma pergunta extra na sondagem mensal daquela agência de informação financeira consideravam que “Portugal acabará por ser obrigado a pedir ajuda externa”. Este sentimento é expresso a menos de uma semana da primeira emissão de Obrigações do Tesouro de 2011 pelo Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público.

Espanha e Bélgica em foco
O movimento de degradação das condições de crédito estendeu-se, hoje, particularmente a dois casos na zona euro – Espanha que passou de 25% para quase 27% de risco de default e da Bélgica que subiu de 18% para 19,05% de risco.

O agravamento do risco de Espanha ressentiu-se, logo, no nível de juros implícitos das Obligaciones del Estado (OE) a 10 anos que subiram, de novo, acima dos 5,45%. E, apesar do anúncio de que a China poderá estar interessada em adquirir 6,5% do programa de financiamento da dívida espanhola ao longo de 2011 – uma notícia no El Pais divulgada por fonte governamental no final da visita a Madrid do vice-primeiro-ministro chinês Li Keqiang. O Tesoro Público espanhol procede, também, na próxima semana à primeira operação de emissão de bilhetes (bonos del Estado com maturidades a 2, 3 e 5 anos) e na semana seguinte de OE (com maturidades superiores).

O agravamento da situação política interna da Bélgica, sem governo há sete meses depois das eleições legislativas, fez “aproximar”, pela primeira vez, o nível de risco da Bélgica à Itália, estando ambos no patamar dos 19%. Os dois partidos flamengos, o NV-A e o CD&V, rejeitaram as negociações sobre a reforma do estado belga propostas por um mediador.

O patamar dos 19%, ainda, não torna esses dois países candidatos à entrada no “clube” dos 10 mais onde estão Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha. Com níveis de risco mais elevados do que a Bélgica e Itália está um conjunto de países do leste da União Europeia, com a Hungria à cabeça.

Jorge Nascimento Rodrigues /Rede Expresso

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