Mais de 100 mil jovens vão ser impedidos de votar na Grécia

ouvir notícia

Têm 18 anos, mas não vão poder votar nas eleições legislativas do próximo domingo, encaradas na Grécia como das mais importantes das últimas décadas. Apesar de a Constituição estipular que podem participar no escrutínio, todos os que atingiram a maioridade no último ano não vão poder ir às urnas, uma vez que o recenseamento eleitoral só será feito em fevereiro.

A questão está a gerar controvérsia no país. O Syriza, a coligação de esquerda radical que lidera as sondagens, e os comunistas do KKE apresentaram ao Governo um requerimento para antecipar o recenseamento, que é feito todos os anos em fevereiro, para que os jovens que atingiram a maioridade no último ano pudessem participar no escrutínio do dia 25, que vai eleger o próximo primeiro-ministro. Mas o pedido foi negado. Baseado num parecer jurídico, o atual Executivo de centro-direita alega que não pode haver uma alteração à lei eleitoral nas vésperas da eleição.

- Publicidade -

O Syriza diz-se prejudicado, uma vez que os jovens são uma grande parte dos seus apoiantes. Depois da recusa do Governo, o partido ainda tentou que o Ministério da Administração Interna fizesse um despacho que permitisse acrescentar aos cadernos eleitorais os nomes dos jovens que completaram 18 anos depois de fevereiro de 2014, mas este pedido foi igualmente rejeitado.

“A reação normal de uma grande parte da juventude é não votar, mas os que têm intenção de fazê-lo apoiam o Syriza. Por isso, há uma estratégia da Nova Democracia [partido do Governo] de tentar impedi-los. Mais de 100 mil que já fizeram 18 anos não vão poder ir às urnas porque o Governo recusou atualizar os cadernos eleitorais para esta eleição”, acusa Petros Santamouris, advogado de 27 anos e funcionário do partido.

Ainda assim, tudo indica que o Syriza vai ganhar as eleições. A menos de uma semana do escrutínio, a vantagem de Alexis Tsipras, líder do partido que quer exigir a Bruxelas um perdão de 50% da dívida grega, está a aumentar. De acordo com as últimas sondagens, a coligação de esquerda radical lidera com uma diferença de 4% a 6,5% sobre a Nova Democracia, do primeiro-ministro Antonis Samaras. Na semana passada, a diferença era de apenas 3%.

Apesar de estar a descolar nas sondagens, recolhendo cerca de 30% das intenções de voto, a diferença ainda não seria suficiente para que o partido possa governar sozinho. Tudo indica que Tsipras terá de formar uma coligação com outro partido. O To Potami (que significa O Rio), o partido de centro-esquerda que surge em terceiro lugar nas sondagens, é um potencial parceiro, mas o líder Stavros Theodorakis, antigo jornalista, já afirmou que não apoiará qualquer política que ponha em causa a permanência da Grécia na zona euro, o que pode acontecer em caso de vitória do Syriza.

A poucos dias das eleições, o atual primeiro-ministro Samaras endureceu o discurso, tendo afirmado segunda-feira que uma vitória de Tsipras fará aumentar a recessão e conduzirá a um novo pedido de ajuda externa ou até a uma saída do euro, temida por muitos gregos, sobretudo os de classe média alta. A campanha eleitoral termina sexta-feira, com um comício do partido do Governo em Atenas. Um dia antes terá lugar o comício de encerramento do Syriza, também na capital.

RE

 

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.